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retrato do brasil
29/12/2004
População cai em 27% das cidades do país

Na década em que a população do país cresceu a uma taxa de 1,6% ao ano, mais de um quarto (27,2%) dos 5.507 municípios brasileiros seguiram tendência contrária e perderam moradores entre 1991 e 2000, indica a publicação "Tendências Demográficas", divulgada ontem pelo IBGE.

A análise do perfil dessas cidades que perderam população no período entre os Censos 1991 e 2000 mostra que a população brasileira migrou na década de 90 em busca de municípios com melhores indicadores sociais.

A taxa média de analfabetismo das 1.496 cidades que perderam população era de 23,6%, quase o dobro da taxa de 12,3% verificada em 2000 entre as cidades que mais cresceram -ou seja, tiveram um crescimento anual de sua população superior a 3%.

Os indicadores de mortalidade infantil também deixam claro que a população migrou para cidades com indicadores sociais melhores. Entre os municípios com queda populacional, a taxa era de 36,4 mortos antes de um ano de idade por mil nascidos vivos. Nos municípios que mais cresceram, essa taxa era de 27,8 por mil.

O único indicador que não segue essa tendência de ser pior nas cidades que tiveram perda populacional é o de emprego. Nesses municípios, a taxa foi de 11% da população economicamente ativa, inferior à taxa de 16,9% verificada nas cidades que cresceram a um ritmo maior que 3% ao ano.

Há duas explicações para essa suposta contradição. A primeira é que a taxa de desocupação nas cidades que mais cresceram é maior justamente porque há mais migração para essas cidades, ou seja, mais gente procurando emprego onde há mais oferta.

A segunda explicação é que o desemprego, sozinho, não motiva a migração. Apesar de a taxa de desemprego ser inferior nas cidades que perderam população na década de 90, o rendimento do trabalho é muito menor. Em média, 46,5% da população desses municípios ganhava menos do que um salário mínimo por mês. Nas cidades com maior crescimento, essa proporção diminui para 21,8%.

Na avaliação da gerente de Projetos de Análises Estruturais e Espaciais de População do IBGE, Nilza Pereira, os dados mostram que o principal motivo da migração foi a busca de melhores condições de vida. "Não é só pela falta de emprego. Em outras cidades, essa população poderá ter mais acesso a serviços de saúde, educação e outros prestados pelo Estado. Os municípios que perderam população têm, em geral, piores indicadores sociais. A rede de abastecimento, de saneamento básico ou de coleta de lixo, por exemplo, é menos abrangente."

Entre as cidades que perderam população na década estão algumas importantes pelo seu tamanho, como São Caetano do Sul (SP), Ilhéus (BA), Nilópolis (RJ) e Teófilo Otoni (MG).

A que mais perdeu, Campos Verdes (GO), contesta o dado, considerado desatualizado. O prefeito Haroldo Naves Soares (PSDB) diz que a população atual é maior do que os 8.057 usados pelo IBGE no cálculo. Segundo ele, esse é o dado de 2000 -em 1991, havia 16.648 moradores.

Os municípios que mais ganharam população, em termos proporcionais, estão principalmente no Norte e no Centro-Oeste. A capital que mais se expandiu, por exemplo, é Palmas. Isso ocorreu porque essas regiões passaram a atrair mais migrantes (principalmente do Nordeste), mas é preciso considerar que a população dessas cidades, principalmente em Estados como Rondônia ou Roraima, era pequena em 1991. Em termos proporcionais, o crescimento é elevado também pois a base de comparação é reduzida.

Para Pereira, a mancha de cidades com alto crescimento demográfico é quase a mesma do arco do desmatamento, das cidades próximas à Floresta Amazônica.

ANTÔNIO GOIS
da Folha de S. Paulo

   
 
 
 

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