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precaução
31 /05/2004
Fraude em doações podem ser evitadas

A empresária Gildete de Freitas, 33 anos, tem medo de fazer doações a entidades assistenciais. Como seus colegas da loja, Gildete foi ludibriada por uma falsária que dizia recolher alimentos, roupas e dinheiro para crianças carentes com câncer e HIV.

Comovida com a história da mulher, que dizia ter câncer, Gildete doava roupas e comprava canetas e adesivos da instituição, localizada na zona sul de Porto Alegre. Mas as doações nunca chegaram às crianças. A fraude foi descoberta, e a mulher nunca mais apareceu. Mas, para a empresária, ficou o receio de ser lograda mais uma vez.

"Vou pensar muito antes de doar de novo", diz.

Pessoas mal-intencionadas e estelionatários estão pelas ruas prejudicando o trabalho de entidades sérias de assistência social que sobrevivem de doações. Os desvios prejudicam o atendimento de crianças carentes, idosos abandonados, portadores de deficiência. Para que a vontade de ajudar não se converta em engano, e para que o dinheiro se transforme em ação é necessário tomar precauções e optar por formas seguras de destinar recursos.

Estelionato na área social não é coisa rara. No ano passado, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais também foi vítima de falsários. O mesmo ocorreu com a Sociedade Emanuel, que descobriu pessoas pedindo dinheiro em seu nome nas sinaleiras.

As precauções a serem tomadas variam de acordo com os meios de doação. Os pedidos chegam por representantes de entidades nas esquinas, por telefone, cartas e campanhas.

"O cidadão pode doar o que quiser para entidades em geral, mas, em vez da doação na esquina, é melhor que procure uma entidade próximo de sua casa ou que se identifique com uma causa. Na rua, não há garantia de que estão recolhendo em nome da entidade", afirma o secretário estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, Edir Oliveira.

Especialistas na área social são unânimes: as pessoas devem visitar, telefonar e ter certeza de que estão doando para o lugar desejado. No caso da falsária que lesou Gildete, as doações pararam de chegar ao seu destino - o Centro Infantil Renascer da Esperança, no bairro Restinga -, e as crianças carentes correram o risco de ter a instituição fechada por falta de recursos.

"Ficamos zerados. Depois que ela foi descoberta, as coisas melhoraram, e o pessoal voltou a doar", afirma a diretora do centro, Rozeli da Silva.

O delegado Thiago Firpo, da 16ª DP da Capital, que investiga a ação da falsária, aconselha que as pessoas visitem as entidades antes de enviar doações ou colocar dinheiro na mão de alguém.

Veja nas próximas matérias as dicas de especialistas e instituições sobre como ser solidário e se certificar de que o seu dinheiro está sendo bem empregado pelas entidades assistenciais.

Aprenda a fiscalizar:
Veja as dicas de especialistas sobre onde conferir as informações das entidades com que você pretende colaborar:

-Procure conhecer a entidade a que você pretende ou costuma doar. Ligue, visite e peça informações sobre o trabalho desenvolvido e a destinação das doações.

- Nenhuma entidade séria recusa a visita de um doador

- Converse com os beneficiados pela entidade e com os familiares deles para saber se os recursos estão sendo bem empregados e se as pessoas são bem tratadas pela instituição e por seus funcionários

- Exija acesso ao balanço patrimonial. Assim você conhecerá custos, arrecadação, gastos e investimentos

- Caso tenha dúvidas da existência ou da idoneidade de alguma instituição assistencial, alguns órgãos podem ajudar:

- Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre: (51) 3221-6865. A lista das entidades de assistência a crianças e adolescentes registradas na prefeitura também está disponível no site do Funcriança (www.portoalegre.rs.gov.br/funcrianca)

- Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre: (51) 3221-2087

- Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedica): (51) 3288-6625

- Divisão de Registro de Entidades da Secretaria Estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência Social: (51) 3288-6655



MÁRCIO BRITO
do Jornal Zero Hora

   
 
 
 

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