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 Dia 20.03.03

     

 

Leia a repercussão da coluna: Guerra contra o aeroporto

Sr. Gilberto Dimenstein,

Uma grande cidade como São Paulo tem muitos problemas. Divulgar ações das pessoas preocupadas com seus problemas é a mais nobre missão de um jornalista. É isto que vejo em seu artigo. Mas o senhor comete um deslize em divulgar uma proposta no mínimo esquisita para o Aeroporto de Congonhas: a transferência dos pequenos jatos para o Campo de Marte, em Santana.

Primeiro, o Campo de Marte está tão cercado de prédios como Congonhas. Os bairros de Santana e Casa Verde são tão ou mais populosos do que Moema e Jabaquara. Esta proposta apenas transfere o problema de Moema para Santana,
além de implicar na instalação de custosos equipamentos de segurança no Campo de Marte.

Um segundo problema é que a pista do Campo de Marte é menor do que Congonhas e - faltam-me dados - alguns jatos podem não aterrisar. Tenho notícia que, uma vez por semana, o trânsito é interrompido na Av. Santos Dumont e a cerca é rebaixada para que um avião Hércules da Força Aérea possa
decolar.

Em terceiro lugar, o Campo de Marte - se não me falha a memória - é mais antigo do que Congonhas. Era para ser o aeroporto de São Paulo, mas sua locação foi preterida em relação a Congonhas. Congonhas, como a própria Sra.
Lygia afirma, era uma região desabitada. Santana, por sua vez já era um bairro importante na década de 30.

Um quarto problema é a dificuldade do controle aéreo. Campo de Marte interfere diretamente em Cumbica pois estão na mesma linha. Isto pode exigir manobras complicadas no ar e gerar acidentes.

A solução deste problema não passa pela transferência, para outro local, do mesmo problema - como a Sr. Lygia e muitos outros imaginam solucionar nossos problemas. É uma postura egoísta e elitista de quem só se imagina com direitos. É pensar que uma cidade dinâmica como São Paulo apenas se
restringe a poucos bairros "famosos".

A solução dos problemas como o Aeroporto de Congonhas está num melhor planejamento urbanístico, no apoio à Engenharia e Ciência nacionais para a busca de soluções adequadas, no planejamento integrado dos sistemas de
transporte, na fiscalização de construções irregulares e no controle da emissão de ruídos por aeronaves e automóveis. A solução é governo, empresas e sociedade planejarem e atuaram de forma sistêmica e integrada.

Esta integração exige que, embora as pessoas possam atuar localmente, o seu pensamento deve ser global. Apenas quem atuar e pensar desta maneira é que pode mudar o mundo. Quem pensa apenas em resolver seu problema sem se
preocupar com o dos outros está, na verdade, aumentando a desigualdade entre as pessoas que é grande...

Agradeço-lhe pela atenção.

Luís Henrique Piovezan

 

 
 
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