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transporte
14/03/2005
Bilhete único ampliado terá custo maior
 

A equipe de transporte do governo José Serra (PSDB), em São Paulo, considera inviável implantar a integração do bilhete único à rede estadual sobre trilhos pela tarifa de R$ 2, cobrada do cartão exclusivo de ônibus e de lotações, e cogita adotá-la pela mesma quantia de R$ 3,60 do passe que já permite atualmente uma viagem de ônibus e outra de metrô com um desconto de apenas R$ 0,50 sobre os valores somados de cada transporte.

A avaliação se dá depois de os estudos para a integração, bandeira de campanha do tucano, terem sido entregues ao prefeito.

Segundo Ulrich Hoffmann, presidente da SPTrans (São Paulo Transporte, empresa municipal que cuida do setor), a "análise técnica e operacional já está resolvida", após negociações entre técnicos da prefeitura e do Estado, faltando somente a decisão política de qual será a passagem cobrada na integração, prometida para 2005 e que Serra tenta viabilizar ainda neste primeiro semestre.

O custo para instalar catracas no Metrô e na CPTM que façam a leitura do bilhete único é o mesmo orçado em 2004 (R$ 14 milhões), quando as gestões Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) não chegaram a um acordo sobre quem bancaria a quantia.

Os estudos feitos neste ano apontaram os impactos financeiros dependendo do valor escolhido da integração. Na prática, quanto menor a quantia cobrada dos passageiros, mais haverá subsídios municipais ou estaduais.

Hoffmann se nega a revelar oficialmente as opções que considera mais atrativas, mas já adota um discurso conformista, de quem vê vantagens no valor de R$ 3,60 hoje, a passagem unitária do ônibus custa R$ 2,00 e a do metrô e do trem, R$ 2,10.

"O nosso interesse era poder fazer isso à tarifa mais baixa possível. Mas ela tem que ser viável do ponto de vista do Orçamento de 2005. Não adianta só tomar uma resolução. E depois? Quem tapa os buracos?"

"Tomar um ônibus e um metrô (pelo passe integrado de R$ 3,60, que já existe hoje ) é diferente de tomar, com um bilhete único, dois, três, quatro ônibus, e ainda um metrô", disse Hoffmann.

Hoje, segundo a SPTrans, a tarifa integrada ônibus/metrô de R$ 3,60, que não permite a utilização simultânea dos demais benefícios do bilhete único, representa apenas 0,8% do total de usuários.

A possibilidade de adotá-la na integração do cartão inteligente prometida por Serra, na prática, significaria uma vantagem econômica somente para quem precisa fazer duas ou mais transferências numa única viagem. Ou seja, quem, além do metrô ou do trem, ainda tem que usar ao menos mais dois ônibus ou lotações para chegar ao destino final, tudo no intervalo máximo de duas horas.

Questionado se os impactos de uma passagem integrada a R$ 3,60 não seriam muito reduzidos diante do compromisso eleitoral do tucano, Hoffmann rebate: "Não, não! Nossa! Temos gente tomando quatro, cinco conduções. Há muitos deslocamentos em que metrô é interessante com mais de um ônibus".

Segundo a última pesquisa origem/destino do Metrô, de 2002, 6,35% das viagens diárias do transporte coletivo em São Paulo abrangiam duas ou mais baldeações. Esse percentual, entretanto, inclui as transferências gratuitas dentro da rede de trem e metrô. Entre os que usavam os ônibus como modo principal de deslocamento na região metropolitana, essa proporção era de 1,66%.

Promessa de campanha
Na campanha eleitoral, Serra adotou como discurso a integração entre ônibus, trem e metrô com um só bilhete e uma só tarifa. A propaganda era considerada ambígua e chegou a ser interpretada por muita gente como se a promessa fosse ampliar os benefícios do bilhete único à rede sobre trilhos pelo mesmo valor da passagem cobrada do cartão exclusivo dos ônibus e peruas.

Hoje, a possibilidade de adotar a integração por R$ 2 (R$ 1,70, na época) é descartada não só sob a justificativa financeira.

Os tucanos reconhecem, porém, um ônus político na adoção de uma tarifa integrada acima de R$ 2, em razão da imagem criada na população desde a campanha eleitoral.

ALENCAR IZIDORO
da Folha de S. Paulo

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