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17/12/2004
Marta suspende Renda Mínima

A Prefeitura suspendeu esta semana o pagamento do Renda Mínima, o maior programa de distribuição de renda do governo Marta Suplicy (PT) e bandeira da campanha petista na eleição. Cerca de 178 mil famílias recebem o auxílio. A Prefeitura não informou quantas estão sem receber em dia.

O Estado teve acesso ontem a um comunicado distribuído no dia 16 às agências do Banco do Brasil, responsável pelo repasse do benefício (Veja à direita). O documento confirma a interrupção no pagamento do benefício desde segunda-feira. "(...) a pedido da PMSP (Prefeitura), foram bloqueados, a partir do dia 13, os benefícios vinculados ao Programa Renda Mínima", diz o texto, que também informa que, em caso de dúvida dos beneficiários, os funcionários deverão orientá-los a procurar a central de atendimento da administração.

Apesar da situação financeira dramática do Município neste fim de governo, a Prefeitura negou que a suspensão no pagamento do Renda Mínima tenha sido tomada por falta de recursos. Disse que ela se deve a uma falha técnica no envio de dados ao Banco do Brasil e afetou só as famílias que tinham o pagamento previsto entre os dias 13 e 17 de dezembro.

Desde que foi adotado, em 2001, o Renda Mínima já atendeu 323 mil famílias.
Por enquanto, não há nova data para o saque dos atrasados. Só depois do dia 20 os prejudicados poderão procurar a Prefeitura para, então, saber quando devem voltar ao banco para fazer a retirada.

A Secretaria Municipal do Trabalho e Desenvolvimento Social não soube informar se os pagamentos marcados para o restante de dezembro também serão efetuados com atraso. Ressaltou que as famílias que tinham saques previstos para o início do mês conseguiram fazê-lo normalmente.

Os números do Orçamento, no entanto, não mostram isso. Segundo dados do Serviço de Execução Orçamentária apurados pelos gabinete do vereador Ricardo Montoro (PSDB), a Prefeitura ainda não pagou um centavo dos R$ 15 milhões previstos para o Renda Mínima neste mês. Na mesma situação estão os programas Começar de Novo (que dá curso de capacitação a desempregados com 40 anos) e Bolsa-Trabalho (voltado a desempregados e estudantes de 16 a 29 anos).

Os principais programas também tiveram corte de verba. O Renda Mínima, por exemplo, perdeu quase 12% dos recursos previstos para este ano. Só no mês passado, ele teve R$ 22 milhões transferidos para o pagamento de aposentadorias. Dos R$ 187,6 milhões orçados para 2004, foram pagos R$ 148,9 milhões.
O Banco do Brasil confirmou a suspensão dos pagamentos, mas não deu mais detalhes.

Sem presentes
Muitas pessoas que foram ao banco ontem para sacar o benefício voltaram para casa frustradas. Houve até quem entrasse em desespero. A desempregada Patrícia Belém Vilela, de 27 anos, começou a chorar quando viu que os R$ 131,78 que recebe há três meses estavam bloqueados. "Com esse dinheiro eu ia comprar sopinha e fralda para a minha nenê", disse. Patrícia andou 40 minutos de sua casa, na Casa Verde, até uma agência bancária no Limão.

Os presentinhos de Natal devem ficar para depois - ou nem vir. "Ia comprar roupa para eles, em uma lojinha. Agora não sei mais o que vai ser." A renda total da família é de R$ 350 que vêm do salário do marido, ajudante geral em um cinema. Só de aluguel, Patrícia paga R$ 200.

O único dinheiro certo na casa de Edismaria de Souza Neves, de 33 anos, eram os R$ 104 que recebe da Prefeitura. Ela, que vive de bicos, esteve na mesma agência ontem. "Estava contando com isso para o fim do ano." Mãe de duas crianças, de 6 e 9 anos, Edismaria consegue algum dinheiro trabalhando com manicure e faxineira. O marido sofreu um acidente de moto e está parado. "Esse dinheiro sempre serve para comprar gás, pagar uma conta ou dar alguma coisa para os meus filhos."

SILVIA AMORIM
AMANDA ROMANELLI
do O Estado de S. Paulo

   
 
 
 

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