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Campanha
para integrar deficientes atrai poucos empresários
Rodrigo Zavala
Equipe GD
A tentativa de sensibilizar empresários dos setores privado e público
para a inserção de pessoas portadoras de deficiência (PPD) no mercado
de trabalho formal não obteve a repercussão desejada pelos organizadores.
Promovida pelo Ministério do Trabalho e do Emprego, em parceria
com a Delegacia Regional do Trabalho do Estado de São Paulo (DRT-SP),
a Campanha de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência no Trabalho,
realizada entre os dias 19 e 21 de junho, encerrou-se sem ao menos
um representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp).
Foram palestras e debates sobre legislação para deficientes, experiências
sindicais e empresariais, programas de capacitação e qualificação,
serviços das instituições de amparo e discussões sobre a obrigatoriedade
da empresas privadas em adotar cotas.
Cecília Zavariz, coordenadora do Programa de Integração de PPD no
Trabalho do DRT-SP, encerrou o evento defendendo que, mesmo com
leis que garantam o ingresso de deficientes nas empresas, eles não
devem ser empregados a qualquer custo, mas sim integrados.
"Se nós não os integrarmos às empresas, eles poderão ser submetidos
a um ambiente pouco agradável. Isso só trará constrangimentos e,
com isso, pedidos de demissão", afirmou.
Decreto
é revolucionário para a integração de deficientes, diz procurador
Rodrigo Zavala
Equipe GD
"Nós conseguimos decretos revolucionários, como o n.º
3.298, que impõe às empresas cotas de 2% a 5% para deficientes.
Além disso, pelo decreto, exames médicos não podem nos descartar
das disputas para cargos públicos, como já aconteceu comigo".
A declaração de Ricardo Fonseca, portador de deficiência visual
e Procurador Regional do Ministério Público do Trabalho, foi feita
no último dia da Campanha de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
no Trabalho.
O decreto resultou, segundo Fonseca, na obrigatoriedade do Estado
em atender às necessidades dos deficientes, através de equipamentos
de habilitação e reabilitação não só para o trabalho, mas também
para o lazer e para a comunicação.
Já para o professor de Antropologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo), João Batista Ribas, o decreto pode virar
uma armadilha. "Se ele se tornar uma obrigação, será visto negativamente
pelos empresários, que moverão ações contra", lembrou.
Na opinião de Ribas, a obrigatoriedade traz transtornos tanto aos
empresários quanto ao empregado portador de deficiência.
"Os empresários não sabem o que fazer com eles, mas se mostram dispostos
a um diálogo, para saber como inserir o trabalhador deficiente em
sua empresa. O importante não é apenas contratar, e sim mantê-lo
no emprego", completou.
Ribas afirmou que há projetos de lei para diminuir as cotas para
portadores de deficiência nas empresas para apenas 2%.
"Já temos conhecimento desses projetos, mas temos certeza que não
serão sequer votados", respondeu o procurador Ricardo Fonseca.
Leia mais
- Íntegra
do decreto n.º 3.298
- Aprovado projeto que regulamenta o
trabalho de deficientes
- Fiscalização faz empresas correrem
atrás de portadores de deficiência
- Confira
oportunidades de trabalho para deficientes
- Como
conquistar uma vaga
Links relacionados:
- Associação
para a Valorização dos Excepcionais (Avape)
- Centro
de Vida Independente (CVI)
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