Desemprego
não deve ser relacionado à qualificação
profissional, diz Pochmann
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Defender a tese
de que a falta de qualificação profissional é
responsável pelos índices de desemprego no Brasil
é um engano. É o que afirmou hoje, dia 09 de novembro,
o professor do Instituto de Economia, Marcio Pochmann, ao apresentar
seu estudo "As possibilidades do trabalho e a nova economia
no Brasil".
Pochmann, em
seu estudo, tenta desmontar o discurso de que o desemprego é
fruto, entre outros fatores, da baixa qualificação
do trabalhador brasileiro. De acordo com o professor, de cada 100
postos gerados nos últimos dez anos, 23 estão nos
serviços domésticos, 15 são como vendedores
e outros 10 na construção civil. Ou seja, as ocupações
geradas não dependem de escolaridade elevada.
"Para exigir
maior qualificação, antes é necessário
abrir vagas que necessitem dela. Isso explica porque, no Brasil,
os trabalhadores com maior escolaridade são os mais atingidos
pelo desemprego", acredita
Um indicador
disso, segundo ele, é o aumento de 620% do desemprego para
pessoas com mais de 8 anos de instrução, enquanto
para pessoas com menos de 1 ano foi de 189%.
Para o economista,
a instalação de montadoras multinacionais estão
mais preocupadas em contratar mão-de-obra barata oferecida
pelo país, e por isso, além de não incentivarem
o avanço da tecnologia nacional, não inserem profissionais
qualificados no mercado de trabalho.
Outro fator apontado por Pochmann é o fato de que Brasil
não desenvolveu tecnologia para ter empresas nacionais competindo
no mercado. "No final dos anos 80, acreditava-se que a tecnologia
poderia ser comprada, como um produto. Um erro que ainda não
foi concertado", lembra.
O Brasil investe
apenas 0,4% de seu PIB em pesquisa científica, enquanto que
a Coréia, por exemplo, mantém um investimento de 3,6%
na produção de novas tecnologia. "Sem o encadeamento
de arranjos institucionais entre empresas, universidades e governos,
apoiado em políticas de desenvolvimento de tecnologias, o
Brasil deve continuar na contramão da nova economia",
alerta.
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