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Dia 02.01.02

A psicóloga Marta e o ipê-amarelo

Marta Suplicy interrompeu o discurso que fazia na inauguração de uma praça, recuperada pelos moradores da Vila Madalena, para chamar a atenção, com um tom maternal, de um jovem que se apoiava, distraidamente, num ipê-amarelo plantado havia poucos dias. O rapaz, arrependido daquele microatentado ecológico, afastou-se da árvore.

Nesse primeiro ano de mandato, Marta Suplicy repetiu, de diferentes modos, o gesto do ipê-amarelo. Saiu-se até agora melhor como psicóloga do que como prefeita ao transmitir para os habitantes de São Paulo, traumatizados, com a auto-estima no chão, a sensação de acolhimento.

Ainda não se consegue ver o resultado de sua administração. Foram divulgados, basicamente, planos; existem fundadas razões para desconfiar da escassez de habilidade gerencial. A distância entre o que prometeu na campanha e o que realizou explica, em larga medida, os baques na popularidade de Marta, como mostrou a pesquisa Datafolha publicada no último dia primeiro.

Impossível não reconhecer, porém, que ela está sinceramente preocupada em fazer da cidade um espaço mais aconchegante e civilizado. Na lógica do acolhimento, é enfatizada, em pequenos gestos, a prioridade a quem anda a pé ou de transporte público.

Valorizar o centro tornou-se o símbolo do retorno à própria história, ao berço -daí que, já neste ano, quer governar a partir do viaduto do Chá, num prédio com valor histórico, construído pelos Matarazzo. Criar centralidade na periferia tem-se mostrado a principal bandeira de seu governo.

Desmontou-se a percepção de que éramos comandados por uma quadrilha ou, no mínimo, por pessoas que não tinham paixão ou orgulho de fazer parte da história da cidade. Se ainda falta muito para dizer que ela faz um bom governo, já dá para assegurar que o clima de acolhimento e de responsabilidade está estimulando mais gente a recuperar, por conta própria, praças e plantas ipês. Não é pouco para uma cidade, abandonada e triste, metida em sua pior crise existencial, guiada pela convicção quase generalizada de que não há saída nessa loucura urbana.

PS - O ipê-amarelo, plantado num terreno que, até pouco, era ponto de traficantes, vai muito bem e já mostrou suas primeiras flores.

 

 
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