Não
é fantasia
Imagine
uma estrada de terra de 18 km -ornamentada de flores, árvores
frutíferas, aves e capivaras- na região nobre
da cidade de São Paulo. Em seu leito, não trafegariam
carros, ônibus ou motocicletas; pedestres e ciclistas
circulariam por ela despreocupados.
Se é
difícil imaginar, mais difícil ainda será
fazer um leitor acreditar que essa paisagem já exista.
Mas o fato é que existe, quase clandestina, utilizada
por uns poucos ciclistas, o que, numa cidade sem áreas
públicas, é um monumental desperdício.
Explicável
a clandestinidade. A estrada passou a ser digna de um transeunte
somente há pouco menos de dois anos, depois que autoridades
estaduais decidiram investir, em parceria com empresários,
na paisagem da marginal do rio Pinheiros, criando o Projeto
Pomar.
Foram
plantadas 240 mil mudas. Por causa delas, estudantes começarão
amanhã a percorrer a pé alguns trechos da estrada:
estarão ali para a inauguração de uma
escola dedicada exclusivamente à questão ambiental,
localizada ao lado da estação de despoluição,
próxima ao viaduto João Dias.
A idéia
é que aquele jardim de 18 km sirva como um laboratório
educacional para estimular, nas escolas, o interesse pela
ecologia. O ponto mais instigante desse laboratório
a céu aberto é a estação de despoluição.
Os tanques mostram as várias etapas por que passam
as águas sugadas do rio Pinheiros: barrentas, tornam-se
cristalinas e vão alimentar as flores e as árvores.
Depois
de apreciarem a água tratada, os estudantes serão
convidados a um exercício de imaginação.
E se todo aquele rio fosse tão limpo como a amostra
de água produzida que acabaram de ver, atraindo peixes
e banhistas?
Olhares
incrédulos -e basta ver aquele rio para ficar incrédulo-
certamente surgirão, pois, para muitos, tal promessa
oscila entre a mentira e o exagero. Mas os técnicos
e ambientalistas querem convencer os desconfiados estudantes
de que, além de viável, a idéia sairia
do campo da fantasia já no próximo ano, depois
de implantado o sistema de tratamento ao longo do rio.
Por mais
convincentes que sejam os argumentos, os estudantes, assim
como os moradores da cidade, só acreditarão
mesmo nessa nova realidade quando virem o primeiro banho -assim
como hoje podem ver flores.
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