Home
 Tempo Real
 Coluna GD
 Só Nosso
 Asneiras e Equívocos 
 Imprescindível
 Urbanidade
 Palavr@ do Leitor
 Aprendiz
 
 Quem Somos
 Expediente
  

Dia 05.12.02

Doces (e os nem tão doces) bárbaros

Depois de quase três décadas, no próximo sábado, o grupo Doces Bárbaros -Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia - volta a se apresentar em São Paulo. O reencontro será o marco de uma despedida para os paulistanos.
O grupo fará o último show da praça da Paz, no parque Ibirapuera, que, a partir de agora, não vai receber mais as multidões embaladas pela música. Várias vezes, espectadores cometeram barbaridades contra a paisagem: espalharam lixo e danificaram os jardins, promovendo tumultos. "É o último megashow", informa a secretária municipal do Meio Ambiente, Stela Goldenstein, ao defender que um parque deve acalmar as pessoas, e não provocar-lhes mais estresse.

Está previsto para amanhã o anúncio da construção de um novo auditório, patrocinado pela iniciativa privada (TIM), a ser erguido nas imediações da Oca e do prédio da Bienal, depois da marquise - as manifestações culturais ocorrerão naquela área, deixando a praça da Paz para o lazer mais contemplativo, longe da agitação.

O anúncio representa um momento histórico para o arquiteto Oscar Niemeyer, que vem do Rio de Janeiro para apresentar o projeto do auditório, cuja lotação será de aproximadamente 400 pessoas - ele fez um projeto para que a parte externa do teatro sirva para a realização de shows ao ar livre. "É um velho sonho", diz Niemeyer, que sempre carregou certa frustração com o Ibirapuera.

Ele ajudou a desenhar o parque para a comemoração dos 400 anos da cidade de São Paulo, em 1954. "Deixaram de fazer o teatro", lembra o arquiteto. A obra servirá agora para comemorar os 450 anos da cidade, em janeiro de 2004.

A violência fez a cidade mais barbarizada e muito menos doce do que era nos tempos em que Niemeyer projetou o Ibirapuera. E também do que era nos tempos em que Caetano, Gal, Gil e Bethânia lançaram, em São Paulo, na década de 60, o movimento tropicalista. Antigamente, não se imaginava gradear um parque público - e Caetano cantava, em "Sampa", que os novos baianos poderiam passear nas ruas de São Paulo e "curtir numa boa" sua garoa.

 

 
                                               Subir    
   ANTERIORES
c
  Laboratório Ibirapuera
  Hospital de brincadeira
  O professor Manelão
  Três estrelas esquecidas do PT
  Aprendiz de urbanista
  Procura-se uma escola
  FHC, o sem-garagem
  O artista da violência
  Salvos pela mágica
  A praça do patriarca Chiquinho
  O Ibirapuera inacabado de Niemeyer
  Passado presente do futuro
  A música que virou biblioteca
  Museu da antidecoração
  Escola da vida
  O poeta da motocicleta
  O rabino e as prostitutas judias
  O palácio de Genoíno
  Vivendo na própria pintura
  Jardim dos gays
  O jardim dos sonhos de Cafu