Anúncio
para assaltantes
Uma novidade
no cotidiano da criminalidade em São Paulo: um anúncio
na rua para tentar coibir assaltos, advertindo diretamente
as possíveis vítimas.
Em meio
à poluição visual paulistana, causada
pela inundação de placas, outdoors e cartazes,
uma simples faixa se destaca em frente à praça
Emília Barbosa Lima, ao lado do colégio Vera
Cruz: "Atenção, motoristas!!! Vários
assaltos estão ocorrendo nesta área. São
três homens armados. Cuidado!!!".
Temendo
represálias, quem criou o anúncio prefere ficar
no anonimato. É uma mulher que passou algumas vezes
pelas mãos da quadrilha e, na falta de policiamento,
decidiu advertir os desavisados. Entroncamento dos bairros
Alto de Pinheiros, Vila Ida, Vila Madalena e Vila Beatriz,
a região aglutina três escolas frequentadas pela
elite paulistana: além do Vera Cruz, o Santa Clara
e o Rainha da Paz - o que se traduz em boa "clientela"
para os ladrões.
Instalado
a poucos metros do semáforo em que está a faixa
de advertência, Edis Garcia, um vendedor de frutas,
testemunhou a tranquilidade dos marginais. Um assaltante o
avisou: "Vou resolver a parada com aquele Uno, vê
se fica na moral".
Para não
ter prejuízos, Garcia adota uma tática: "Não
fico com dinheiro no bolso, tudo o que tenho boto no banco".
É obrigado, assim, a ir ao banco pelo menos duas vezes
ao dia.
O taxista
João Luiz Cordeiro faz ponto há 25 anos por
ali e considera aquela área, comparada com o resto
da cidade, até tranquila. "Se a moda de colocar
esse tipo de faixa pegar, a cidade vai ficar toda coberta
de pano", ironiza. Naquela área sossegada para
os padrões paulistanos, só numa quarta-feira,
dia 31 passado, quatro carros foram roubados e uma moradora
sofreu um sequestro relâmpago.
Preferindo
não ser identificada, a dona de uma loja nas imediações
da praça, moradora do bairro, conta que teve a casa
assaltada há três anos e que, no ano seguinte,
o marido foi sequestrado. Em julho deste ano, roubaram o carro
dela. Mês passado, houve tiroteio em sua rua e o carro
de sua irmã foi atingido.
O aumento
do fluxo de carros e de pessoas por aquela região,
estimulado, entre outros fatores, pela construção
do metrô na Vila Madalena e pelas estações
de trem na marginal Pinheiros, é uma das razões
para moradores do Alto de Pinheiros reivindicarem o fechamento
de ruas, o que transformaria o bairro numa espécie
de condomínio.
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