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Dia 09.08.01

"Escola Cor"

Vitrine dos mais badalados decoradores e passarela de socialites, a "Casa Cor" está ganhando, em São Paulo, uma versão estética dos excluídos - a "Escola Cor".

Diretora de uma escola técnica de desenho de arquitetura e decoração, Elizabeth Rocha queria, havia tempos, tirar o aluno da sala de aula para executar projetos, reforçar conhecimentos teóricos com prática e, ainda por cima, melhorar a comunidade.

A oportunidade veio quando soube que, na escola pública que frequentou em sua adolescência, na década de 60, estudantes estavam colorindo o pátio, inspirados nas pinturas de Tarsila do Amaral - vanguarda, em sua época, de uma das mais profundas transgressões estéticas da história da arte brasileira.

Curiosa com a experiência de arte-educação, decidiu dar uma espiada nos muros da Escola Estadual Godofredo Furtado, em Pinheiros, de onde saiu para estudar arquitetura. Não conseguiu limitar-se à espiada. Voltou no tempo e mesclou a emoção do reencontro com a decepção ante a decadência do espaço, contrastando com suas lembranças. "Dói", resume.

Elizabeth saiu dali e propôs a seus alunos que adotassem a escola e, como na "Casa Cor", cada grupo teria de decorar um ambiente, transformando salas de aula, biblioteca e laboratórios. A intervenção deveria ser interativa: os "clientes" (professores e alunos do Godofredo Furtado) serão convidados a participar dos projetos, opinando sobre a decoração mais conveniente. "As classes são decadentes, e o aluno sente isso", diz o professor Ronaldo Dias, responsável pelas aulas sobre Tarsila do Amaral, transpostas para os muros.

A primeira diferença entre a "Casa Cor" e a "Escola Cor", além da óbvia distância econômica entre as clientelas, é que a intervenção experimental dos estudantes é para sempre, não desaparece com o fim do evento.

Mais visível é a diferença para tirar o projeto da prancheta. Na "Casa Cor", dinheiro não é problema; a exposição se presta ao marketing. Já os estudantes vão sair à cata de empresários dispostos a doar os móveis, caçando no entorno da escola, onde está a maior concentração de lojas de decoração na cidade de São Paulo.

Difícil, mas possível. Decoradores e arquitetos demonstraram que esse tipo de proposta consegue sair do papel. Em Recife, eles adotaram a Febem e conseguiram transformá-la num prédio público modelar.

 

 
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