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Dia 11.04.01

Procuram-se anjos

Numa homenagem à sua mãe morta, os publicitários Rose e Wanderley Saldiva encomendaram uma estátua a Maria Bonomi, uma das mais importantes artistas plásticas brasileiras -a homenagem acabou, porém, entronizada no cotidiano da violência paulistana.

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Quem souber do paradeiro da estátua pode mandar um e-mail para nucleoparendiz@uol.com.br

Bonomi esculpiu, em bronze e granito, uma mulher carregando duas crianças; a peça foi chamada de "Os Anjos". Como Cecília Saldiva, a mãe, adorava patrocinar as artes, seus filhos quiseram doar a estátua para a cidade de São Paulo.

Em um espaço de 12 metros quadrados, em frente à praça do Pôr-do-Sol, no Alto de Pinheiros, os "anjos" fariam nascer uma nova praça, que foi batizada, em 1991, de Cecília Saldiva. "Era como pensávamos eternizar a imagem da minha mãe e, ao mesmo tempo, produzir beleza pública", lembra Rose.

Cantores, poetas, escritores e atores vieram para a inauguração, quando foi descortinada a peça de 350 quilos, carregada por 25 homens. Desde então, aquele pequeno espaço não foi afetado pelo descuido que tomou conta da cidade: os filhos bancavam, orgulhosos, a preservação -não deixavam o mato crescer ou o lixo ficar no gramado.

Uma operação de criminosos desfez a homenagem: a peça foi furtada na semana passada, em um tipo de crime inusitado até mesmo para os padrões da cidade de São Paulo.

Quem poderia imaginar, afinal, que assaltantes não se inibissem diante de uma peça de 350 quilos, numa região de razoável movimento, cercada de seguranças privados por todos os lados.

Ainda abatida com a morte recente do irmão Wanderley, uma das figuras simbolizadas na estátua, Rose conta que não consegue olhar para a praça vazia. "O que tentei eternizar foi mais frágil do que a natureza humana."

Nem sabe a quem apelar. Imagine como seria a cara de espanto -ou talvez de deboche- do delegado, quando apresentasse, emocionada, a queixa do desaparecimento de uma escultura em praça pública.

Desolada, assim como Maria Bonomi, ela conta que, com o roubo da estátua, foi como se visse a mãe morrer pela segunda vez -mas agora sem encontrar o corpo para enterrar.

 

 
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