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Dia 11.12.00

Poluição invisível

Nem tudo é visível na poluição visual.
Júlio Albiere é, há três anos, presidente da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana, ligada à Secretaria da Habitação. Árdua tarefa: cabe-lhe atacar a poluição visual da cidade, caoticamente povoada por outdoors.

Também é, há cinco anos, o presidente do Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior, representante dos exploradores de outdoors, geradores de poluição visual.

Trabalha há 20 anos na direção do Grupo Plamarc, empresa licitada pela Prefeitura de São Paulo para colocar placas de rua e comercializar espaço publicitário. Assim, ele próprio ganha seu salário graças ao direito de interferir na paisagem e, indiretamente, à poluição visual.

"Qualquer desconfiança é infundada. Não misturo meus papéis", indigna-se Júlio, dizendo não ver contradição em atuar simultaneamente em três cargos que, inevitavelmente, se chocam. Ele está há 15 anos na Comissão Municipal de Proteção à Paisagem Urbana, da qual é hoje o presidente.

Segundo ele, o problema são os outdoors clandestinos; ao todo, de acordo com sua contabilidade, 2000.

Para Júlio, as administrações regionais não se incomodam com as placas clandestinas por julgarem haver problemas mais sérios para serem resolvidos.

Na opinião da urbanista Regina Monteiro, do movimento Defenda São Paulo, o desinteresse tem motivos mais palpáveis, além da indiferença estética.

"Conivência", acusa ela, e aponta um esquema de proteção às placas de rua ilegais. Colocar ordem nas placas é uma das promessas de Marta Suplicy. "Vou limpar a cidade", garante.

Já existe até um plano, elaborado por Jorge Wilheim, escolhido secretário do Planejamento Urbano, disseminador da idéia de que o cidadão tem direito à paisagem.

Aplicado o plano, a distância mínima entre cada placa seria de oito metros, liberando as fachadas dos prédios e das casas.

" Com esse caos, os anúncios perdem eficácia", afirma.

Combater a feiúra urbana não é uma decisão fácil. E não só causa da, digamos, poluição invisível das administrações regionais. Menos placas significam menos recursos nos cofres da prefeitura.


 

 
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