Em
Nova York tudo continua possível Com
as torres de World Trade Center, um dos mais visíveis símbolos da
imponência de Nova York, ruiu também a imagem de uma cidade que conquistou
a segurança nas ruas - por meio da política de "tolerância
zero". Essa
política se popularizou em São Paulo na esperança de uma
solução para a criminalidade fora de controle. Manhattan passou
a exercer fascínio semelhante ao de um laboratório que descobrisse
o remédio para uma doença aparentemente incurável. Atraiu
a atenção da classe média, dos candidatos a cargos eletivos
e, em especial, da elite paulistana, que testemunhou a mudança gradativa
de Nova York. Senhoras andando de noite no Central Park, mulheres dirigindo táxis,
casais de namorados passeando de madrugada pelo Harlem, bairro negro e latino
mundialmente famoso primeiro pela arte negra e, depois, pelas guerras de gangues. Pesquisas
mostram que o prefeito Rudolph Giuliani, prestes a concluir seu mandato, angariou
uma popularidade invejável para qualquer político do planeta: 50%
dos nova-iorquinos consideram ótima a sua administração.
Esse nível de aprovação se explica pela queda da criminalidade.
Durante a gestão de Giuliani, o número de assassinatos despencou
61%; a taxa geral de criminalidade diminuiu 44%. Não
é gratuito o encanto dos habitantes de São Paulo por Nova York.
As duas cidades assemelham-se em muitos aspectos, a começar pelo tamanho
da população. São pólos financeiros e comerciais,
que atraem imigrantes e migrantes. Em ambas combina-se o caos urbano com a criatividade
da comunidade. A desigualdade entre ricos e pobres faz de Nova York uma espécie
de capital do Terceiro Mundo - até por causa de seus sotaques latinos,
asiáticos e africanos. Os
ataques terroristas expuseram a fragilidade da maior - e única- potência,
numa demonstração de vulnerabilidade inédita na história
dos EUA. Para chegar a esse grau de vulnerabilidade, a mais imponente cidade da
mais imponente nação teria de ser o principal alvo. A
partir de hoje - e principalmente depois das retaliações -, as ruas
de Nova York nunca mais serão as mesmas - já não provocarão
tanta inveja e tanta admiração entre os paulistanos. Manteve-se,
porém, o lema de que, em Nova York, tudo é possível - um
lema que, desta vez, veio em forma de tragédia.
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