Prostitutas
viram modelo de civilidade
Auto-intituladas
as "mariposas da Luz", as prostitutas que frequentam
o parque da Luz submeteram-se a uma experiência social
e agora servem de modelo para melhorar o Ibirapuera e o Trianon
-dois parques com pontos de prostituição, especialmente
masculina.
Responsável
pelo plano de revitalização do parque da Luz,
o historiador Francisco Aquino partiu do princípio
de que ninguém teria o direito de expulsar as "mariposas
da Luz". O meretrício faz parte daquela paisagem
-no passado, um dos locais mais refinados da cidade- desde
1930, quando o prefeito Pires do Rio fechou bordéis
do centro. "Encontramos mulheres que são netas
da primeira geração de prostitutas do parque",
conta.
Não
é uma questão de direito adquirido: prostituição
não é crime. Crime é a cafetinagem. Elas
foram convidadas a entrar no Conselho Gestor do Parque da
Luz -com a associação de comerciantes, com os
moradores e com os usuários da Pinacoteca do Estado,
entre outros. "No começo houve estranheza, depois
todos se acostumaram", conta Aquino. "Queremos soluções
inclusivas", defende Caio Boucinhas, responsável
pelos parques municipais de São Paulo.
Formularam-se
regras e as prostitutas aceitaram obedecer a elas. Os cafetões
foram enquadrados e não podem mais aproximar-se delas
no parque. As roupas delas devem ser mais comportadas, menos
insinuantes. Criaram-se até regras para a abordagem
dos potenciais clientes, nada de "psiu" ou de ostensivas
ofertas. Proibiu-se terminantemente a prática de sexo
em área pública.
Elas ganharam,
em troca, a garantia de não serem importunadas, além
de benefícios como camisinhas de graça e atendimento
da Secretaria Estadual da Saúde, que tem um programa
de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
A Pastoral da Mulher Marginalizada intensificou com elas projetos
de geração de renda.
O que
assegurou, de fato, o acordo foi a tecnologia combinada com
a iluminação. Foram instaladas câmeras
para acompanhar a movimentação não só
das prostitutas mas de todo o parque. A prostituição
no Ibirapuera e no Trianon será submetida à
mesma experiência -com a criação de um
pacto de conduta- e também ao mesmo processo de vigilância
eletrônica, o que serviria, diz Boucinhas, até
para proteger de eventuais delinquentes aqueles que exercem
suas atividades nos parques.
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