Rodízio
em Crise
Estão em gestação
duas medidas polêmicas para melhorar o trânsito na cidade de São
Paulo: transferir para a noite o abastecimento feito por caminhões e reescalonar
o horário de funcionamento das empresas.
Com o aumento da frota de
veículos, o sistema de rodízio vai perdendo gradativamente efeito,
num transtorno visível pelas estatísticas de lentidão no
tráfego. A cada ano, batem-se recordes de congestionamento, em meio a apostas
de urbanistas de que a cidade está à beira da inviabilidade. "O
rodízio está capengando", sustenta o presidente da Companhia
de Engenharia de Tráfego (CET), Francisco Macena.
Nos cálculos da CET,
cerca de 120 mil caminhões fazem diariamente entregas na cidade. "Haveria
uma melhoria significativa no fluxo se o abastecimento ocorresse depois das 22h",
propõe Macena, inspirado nos exemplos de Tóquio, Nova York e Paris.
O presidente da CET já
sondou as transportadoras e recolheu sinais positivos. Entregas de noite, entrando
na madrugada, economizariam tempo e dinheiro; os caminhões não teriam
de enfrentar congestionamentos.
O custo do congestionamento
é uma das razões que estão levando o Ceasa, instalado numa
região hoje muito valorizada, para fora do município, seduzido pelas
facilidades do Rodoanel. "Nova York, Tóquio ou Paris conseguem impor
restrições aos caminhões porque contam com um cinturão
rodoviário, com uma rede de armazéns", afirma o secretário
dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico.
O problema, reconhecem os
técnicos da CET, está na outra ponta: quem vai ser abastecido. As
empresas serão obrigadas a montar um esquema especial para receber os produtos,
pagando mais horas extras ou ampliando as contratações de funcionários.
Mais complicado ainda, por
exigir intensa negociação e mudar hábitos de toda a cidade,
é o reescalonamento dos horários de trabalho, combinando bancos,
escolas, comércio e prestadoras de serviço. Para desafogar o horário
do rush, o comércio deveria funcionar, na visão dos técnicos,
das 11h às 21h, horários mais próximos dos praticados pelos
shoppings centers. A medida já foi tentada na gestão de Luiza Erundina
e esbarrou nas reações negativas, mas o trânsito desde então
não pára de piorar e a cidade vai ficando com cada vez menos alternativas,
a ponto de o rodízio estar prestes a ficar inútil.
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