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Dia 10.08.00

Bairros que nasceram de novo

Gilberto Dimenstein

Inspirada numa experiência de Cambridge, na Inglaterra, artistas do charmoso bairro de Santa Tereza, no Rio, abrem à visitação pública seu ateliês, num evento batizado de "Porta Abertas".

A curiosidade atrai milhares de moradores do Rio e turistas, dando ainda mais força ao plano de recuperação de Santa Tereza, abatido em seu encanto pela guerra de gangues que habitam as 14 favelas que cercam o bairro.

A mudança começou a ocorrer em 1995, quando um grupo de moradores estabeleceu parcerias com o setor público. Surgiu, assim, o Viva o Santa.

Desde então, os índices de criminalidade caíram. Os investimentos foram dirigidos a projetos culturais, atendendo ao perfil do bairro, e na recuperação dos imponentes casarões do século XIX, graças, em parte, aos incentivos fiscais concedidos pela prefeitura. Melhoraram o transporte, os bondinhos, símbolos de Santa Tereza, foram restaurados.

Para reduzir a sensação permanente de cerco, o Viva o Santa realizou mutirões de limpeza nas favelas e apoiou o fortalecimento da comunidade.

O bairro entrou no círculo virtuoso. Ao atrair mais gente, chegaram mais lojas, restaurantes, centros culturais _ artistas também voltaram.

É exatamente assim a história de sucesso de projetos de recuperação de regiões deterioradas: misturar lazer, arte, cultura, fazendo com que mais pessoas frequentem o bairro. E, acima de tudo, queira morar ali.

É o que acontece em casos exitosos como recuperações de áreas decadentes de Buenos Aires, Paris, Havana e Nova York.

O exemplo mais divulgado, atualmente, é o de Times Square, coração de Nova York, onde estão os teatros da Broadway. Devido às drogas, prostituição, criminalidade, as empresas foram saindo e, com elas, moradores de maior poder aquisitivo.

Numa parceria com a prefeitura e empresários, comandados pelo "The New York Times", que tem sua sede exatamente naquela região, atacou-se o crime e empresas sólidas decidiram apostar em Times Square _ entre elas, a Disney, que, em 1998, inaugurou teatro numa das ruas de pior fama.

É onde está o problema do Pelourinho, em Salvador, um dos patrimônios históricos mais conhecidos do país. Houve um notável esforço de recuperação dos casarões, além de policiamento _ o que, evidentemente, atrai turistas.

Mas para garantir a sustentabilidade daquele espaço, além dos turistas, é necessário atrair pessoas de maior poder aquisitivo para morar ou trabalhar. Atualmente, são oferecidos benefícios para artistas montaram ateliês.

Mesmo assim, ainda é insuficiente e urbanistas propõem que sejam atraídas faculdades e designadas casas para repúblicas estudantis.

É o mesmo problema de outro importante projeto de recuperação urbana: a Rua dos Judeus, também chamado de Bairro do Recife. Prostíbulos e casarões abandonados deram espaços a centros culturais, bares e restaurantes. Nessa rua se criou a primeira sinagoga das América, no período de dominação holandesa, agora em fase de restauração.

Esses ingredientes estão contemplados num ambicioso plano para recuperar o centro da cidade de São Paulo, parte do programa de quase todos os candidatos.

A iniciativa é coordenada pelo Viva o Centro, uma entidade privada. Idéias vão de transferência do poder público para lá, a começar da sede do governo estadual, a transformação dos cinemas pornográficos em casas de shows, criação de espaços culturais, a exemplo a sala Júlio Prestes, destinada a concertos, e a reforma da Pinacoteca. Está em andamento a instalação de uma universidade de música na sede do antigo Deops.

Atrair universidades aos prédios abandonos garantiria fluxo noturno e estimularia que pessoas voltassem a morar no centro, onde existem apartamentos espaços e com baixo preço.

 

Leia mais:

- Centro antigo de São Paulo pode virar pólo cultural
- Com parcerias prefeitura Recife realiza programa de restauração
- Obras do Pelourinho, na Bahia, já duram oito anos
- Santa Tereza ganha de volta o seu charme
- Candidatos à prefeitura de São Paulo lançam propostas de revitalização do centro

 

 
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Centro antigo de São Paulo pode virar pólo cultural

Raquel Souza
Equipe GD

O centro antigo da cidade de São Paulo tem muitos problemas. Os prédios históricos estão abandonados, há um grande contingente de camelôs, uma grande população de rua, e a cada dia que passa, é mais difícil fazer com que empresas se instalem na região. Entretanto, existe quem some esforços e tente combater a degradação da área. A organização não-governamental Viva o Centro, por exemplo, há quase dez anos vem desenvolvido um trabalho de revalorização do local.

A iniciativa já rendeu bons frutos, uma delas é a recuperação e adaptação do hall da Estação Julio Prestes - que se tornou um grande centro de espetáculos. A obra contou com a participação de bancos e empresas associadas ao Viva o Centro, que atuou em parceria com o governo do Estado. O Viva o Centro tem apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) que conta com a consultoria de especialistas no assunto.

Além da recuperação de centros históricos e de praças, o que se quer do centro da cidade é um processo de restruturação urbana. Geoges Wilheim, arquiteto e urbanista, conta que o centro da cidade precisa ser um local que conte com uma ampla rede de serviços e que possa ser uma boa opção de moradia. . "À noite o centro da cidade tem um aspecto de abandono", disse o arquiteto.

Durante o dia, calcula-se que na área de 4,4 quilômetros quadrados, formada pelos distritos da Sé e República, circulam mais 2,8 milhões de pessoas diariamente - dando ao local um aspecto de formigueiro humano. Mas menos de 3% dessas pessoas permanecem no local, que possui apenas 70 mil moradores.

Segundo ele, apesar da região central viver num verdadeiro caos, com planejamento e um movimento de re-habitação, a exemplo do que ocorreu em Buenos Aires, Havana e em algumas regiões de Paris, ainda há chances para que lugares como a República e a Sé sejam novamente interessantes para residências. "O centro da cidade tem um grande número de prédios abandonados que podem ser boas opções de moradia. Algumas regiões como a Praça da República, ao seu redor, possui prédios cuja finalidade é essa", disse o arquiteto.

Boas opções de lazer ou cursos noturnos poderiam atrair principalmente o público juvenil para o centro, acredita Wilheim. A presença de escolas e faculdades na região também atrairia o comércio de livros, a instalação de cafés e bares - "o que daria um novo ar para a vida noturna da região".

Ainda há outra possibilidade para atrair a classe média - a "cinelândia", que hoje mostra filmes que qualidade duvidosa, mas poderia se transformar em um complexo de mostras de cinemas e ponto de encontro para a juventude. Junto com o projeto seria necessário a instalação de estacionamentos.

Para diminuir o aspecto "formigueiro humano" do período diurno, Candido Malta, ex-secretário de Planejamento do Município de São Paulo e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, acredita que é necessário um remanejamento das linhas de ônibus. "Nem todo mundo que vai ao centro da cidade efetivamente trabalha na região. É grande o número de pessoas que vão até lá só para fazer baldeações para os seus locais de trabalho", contou.

(Colaborou de J. Ribeiro)

 

 
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Com parcerias prefeitura Recife realiza programa de restauração

Raquel Souza
Equipe GD

Os casarões e prédios históricos de Recife já estiveram em ruínas. Outros foram ocupados indevidamente e se tornaram zona de prostituição. Mas com um programa de restauração do poder público, o apoio da iniciativa privada e a cooperação da comunidade, a aparência da capital pernambucana está mudando.

Em 1987, após um planejamento prévio, a prefeitura começou o projeto de recuperação, inicialmente no bairro de Recife. Contando com prédios do século XVII, o local histórico remete à ocupação da capital de Pernambuco. "Os edifícios estavam degradados, outros em ruínas. Os espaços estavam sendo sub-utilizados", disse José Nilson de Andrade Pereira, Secretario do Departamento de Preservação dos Centros Históricos, órgão ligado a Secretaria de Planejamento do município de Recife.

Entre altos e baixos, há cinco anos atrás a iniciativa da prefeitura passou a ser impulsionada pela ajuda da iniciativa privada. "Hoje o incentivo financeiro das instituições privadas devem ultrapassar os da prefeitura", afirmou Pereira. A iniciativa privada, segundo Pereira o já investiu mais de R$ 5 milhões. A região do bairro de Recife foi dividido em pólos de recuperação. Um deles, o Pólo de Alfândega, terá auxílio do programa desenvolvido pelo governo federal e o Bid (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para recuperação de monumentos e revitalização urbana.

Os prédios foram reformados, alguns se tornaram bares e lanchonetes. Outros viraram espaços culturais e ateliês de artistas. Segundo o Secretário, os prédios receberam cores fortes e vivas que mudaram o aspecto cinzento de anos passados. "Os moradores perceberam a mudança e agora ficam mais atentos à conservação do local". Eles se preocupam até com a preservação da fachada de suas casas.

O turismo também foi impulsionado, além das praias, os visitantes contam com dois centros culturais, no bairro do Recife. "Nós temos mais turistas frequentando nossos prédios históricos e tendo contato com a cultura daqui", contou Pereira. Segundo ele, de alguma forma, os investimentos pela restauração dos prédios e conjuntos históricos urbanos retornaram para o bolso da prefeitura e dos empresários.

 

 

 
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Obras no Pelourinho, Salvador (BA), já duram oito anos

Raquel Souza
Equipe GD

"À medida que você caminhava pelo centro histórico de Salvador se deparava com o abandono do poder público. Eram ruínas, esgoto a céu-aberto, uma degradação do ponto de vista econômico e social", disse Adriana Castro, diretora do Instituto de Patrimônio Histórico e Cultural da Bahia - um dos órgãos estaduais responsáveis pela recuperação do Pelourinho, em Salvador.

Segundo ela, desde 1969 o Pelourinho tem sido objeto de intervenção pelo poder público. Entretanto, somente em 1992 um projeto de forma sistematizada foi desenvolvido e dividido em fases de implantação. De lá para cá, já foram investidos pelo governo do Estado da Bahia mais de R$96 milhões.

Além dos imóveis, foram feitos programas de revitalização de praças, ampliação de estacionamento, segurança específica para a região, telefones públicos, entre outras coisas. "São investimentos para melhorar a vida de todos os cidadãos soteropolitanos, mas também para os turistas que a região recebe", contou a diretora.

O projeto já está em sua sétima fase. "Agora serão recuperados 130 imóveis", afirmou Valfredo Ribeiro, coordenador do projeto da sétima etapa de recuperação do Pelourinho.

Este empreendimento ainda depende do financiamento de U$8 milhões que o Estado pretende angariar com o programa Monumenta Bid - uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Banco Interamericano de Desenvolvimento que pretende investir U$62 milhões na restauração de monumentos e sítios históricos.

 

 

 
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Santa Tereza ganha de volta o seu charme

Raquel Souza
Equipe GD

Já em sua oitava edição o evento Portas Abertas faz com que as ruas do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, fiquem movimentadas. Pessoas de toda a cidade e turistas vão até lá visitar os ateliês dos artistas locais, que por dois dias expõem seus trabalhos. A iniciativa é inspirada numa experiência semelhante da cidade de Cambridge, na Inglaterra.

Depois de muitos anos de degradação, provocada por conflitos entre as 14 favelas que os morros do bairro abrigam, Santa Tereza voltou a ser um bairro requisitado por artistas, atraindo curiosos por seus casarões do século XIX.

A mudança começou a ocorrer em 1995, quando um grupo de moradores procurou a Secretaria de Segurança do Rio. Manifestos foram lidos em praça pública, favelas receberam mutirões de limpeza e foi criado o Viva Santa, hoje uma ONG. Desde então os índices de violência começaram a cair.

Em maio de 1997 a badalação de quatro mil visitantes e 75 artistas do Portas Abertas atraiu a atenção da Secretaria Municipal de Cultura. Um bonde de carga virou o Palco sobre Trilhos. O transporte melhorou, com novas linhas de microônibus e a restauração dos bondinhos. A revitalização cultural contribuiu para os preços dos apartamentos subirem em até 50%. Bares e restaurantes também se multiplicaram.

Fadado ao esquecimento e a destruição, os antigos casarões de Santa Teresa começam a ser reconstruídos. O casarão da socialite Laurinda Santos Lobo, por exemplo, foi reformado e se tornou um centro cultural - batizado como Parque das Ruínas.

Um projeto batizado de "As cores em Santa Teresa" recuperou 40 casas coloniais sob o patrocínio do Grupo Monteiro Aranha e da Fundação Roberto Marinho. Para dar continuidade e manter a preservação do espaço, a prefeitura está oferecendo benefícios (como isenção fiscal e predial) para moradores ou empresas instalados no local que se comprometem em restaurar ou preservar os antigos edifícios da região.

"É uma contrapartida que o governo dá para as pessoas que se comprometerem com a história de Santa Teresa", afirmou Cláudio Antônio Lima Carlos, arquiteto do Departamento Geral de Patrimônio Cultural.


 

 
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