Faap
expõe incivilidade paulistana
Reverente
aos encantos de Paris, a família Álvares Penteado
decidiu criar, na década de 40, um espaço para
difundir as artes e civilizar a provinciana São Paulo.
Assim nasceu, no aristocrático bairro do Pacaembu,
a Fundação Armando Álvares Penteado.
Uma associação
batizada de "Viva Pacaembu" surgiu há dois
meses para brigar com o que considera a incivilidade da Faap,
acusando-a de ser um dos principais transtornos do bairro.
"É um enorme problema", reclama Antônio
Camargo Freire Jr, nascido há 43 anos na região
e que tinha o costume de empinar pipa na
praça Charles Müller, hoje transformada em estacionamento
para os estudantes.
Irritada
com o barulho e com os congestionamentos provocados pelos
alunos, Ienidis Benfati, da Associação "Viva
Pacaembu", queixou-se à direção
da Faap. "Disseram que a culpa era dos pais, que davam
carros aos seus filhos. Deveríamos falar com os pais",
afirma Ienidis, para quem, além do tráfego,
aquela afluência de tantos alunos de classe média
atraiu traficantes de drogas.
Mas a
Faap está preocupada com o excesso de carros de seus
estudantes. Tanto que comprou várias casas para construir,
no subterrâneo, um estacionamento para 2.500 automóveis.
A proposta foi enviada ao secretário municipal do Planejamento,
Jorge Wilheim, que gostaria, porém, de ver uma solução
melhor para o problema. "O ideal é que se crie
um sistema de transporte público de qualidade entre
as estações do metrô e a faculdade. Os
alunos deixariam seus automóveis mais longe",
diz Wilheim, consciente de que é uma idéia que
sofre de excesso de civilidade numa cidade em que o carro
é, antes de tudo, sinal de status.
A reação
dos moradores já começa a fazer efeito. Está
prevista para hoje uma reunião com a administradora
regional da Sé, Clara Ant, responsável pela
região do Pacaembu, em que se discutirá especificamente
o caso da praça Charles Müller. "Sou contrária
ao uso da praça como estacionamento. Mas, se, por acaso,
ela servir de estacionamento, o poder público terá
de receber por isso", afirma a administradora. Para ela,
aquele espaço, reflexo do subdesenvolvimento, virou
"terra de ninguém".
PS - Apesar
dos vários recados deixados na assessoria de imprensa
da Faap, ninguém se dispôs a falar.
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