Professor
de brinquedo
Professor
de marketing industrial da Fundação Getúlio
Vargas, José Carlos Teixeira Ferreira é um disputado
consultor de empresas nacionais e multinacionais. Mas ele
gosta mesmo é de ser professor de brinquedo, uma espécie
de Gepeto com habilidades eletrônicas.
A paixão
vai a tal ponto que, mensalmente, ele tira R$ 15 mil do próprio
bolso para equilibrar o orçamento do "Tempo &
Espaço", um galpão onde crianças
e adolescentes, de escolas privadas e públicas, são
orientados a fazer invenções. Dos projetos rabiscados
nas pranchetas com a ajuda de engenheiros, alguns deles aposentados,
saem aviões, robôs, marionetes controladas por
computador e até um kart com motor elétrico.
Ou, simplesmente, carrinhos de madeira e bonecos de pano.
"Os
empresários ficam impressionados com as engenhocas
desenvolvidas", orgulha-se José Carlos, que, quando
era criança, adorava construir aviões com o
pai e, depois, adulto, divertia-se consertando brinquedos
dos filhos dos amigos.
Hoje exilada
na Granja Viana, um rico condomínio situado em Cotia,
onde José Carlos vive, a oficina, a partir de março,
vai funcionar também em São Paulo. Desta vez,
uma inovação: eles vão tentar inventar,
com o brinquedo, um jeito de fazer a cidade melhor. "Empreendedor
é o sujeito que cria soluções, executa
projetos diferenciados e tem a construtiva capacidade de combinar
a arte de pensar com a arte de fazer", diz.
Além
dos projetos individuais, os alunos serão convidados
a desenvolver modelos para serem entregues a brinquedotecas
de escolas públicas, onde fariam o papel de monitores.
"Nessa experiência, vamos misturar inventividade
com responsabilidade."
A experiência
atraiu a atenção do Media Lab, do Instituto
de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos -um
dos principais centros de desenvolvimento de novas tecnologias
aplicadas à educação do mundo. "Uma
oficina de brinquedos é o lugar ideal para aprender,
de verdade, ciências, em vez de ficar apenas memorizado
fórmulas aborrecidas", acredita David Cavallo,
pesquisador do Media Lab, interessado em projetos de inclusão
digital no Terceiro Mundo.
A idéia
é fazer daquela oficina, adaptado à realidade
paulistana, um laboratório para a produção
de manuais, que mostrariam às escolas como usar, com
prazer, o cotidiano como estímulo ao aprendizado de
ciências.
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