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Dia 20.03.02

Dona Flor e seus sete canteiros

Quando era menina em Veneza, onde nasceu, Iolanda Zanotto aprendeu a gostar de cultivar canteiros de flores nas ruas -eram especialmente valorizados por causa da fugacidade das flores, submetidas ao rigor das estações. Jovem, ela veio morar em São Paulo. Está hoje com 74 anos e conseguiu espalhar na sua vizinhança, no bairro de Pinheiros, o costume de preservar canteiros públicos.

Inconformada com o descaso pela cidade, tão disseminado em São Paulo, ela declarou uma guerra solitária
contra os indivíduos que fazem das poucas áreas verdes -a começar dos canteiros- banheiro para seus cães. Não se amedronta e passa um pito no dono do cachorro. "Já ouvi cada coisa. Certa vez uma mulher me mandou voltar para a Itália."

Decidiu criar e cuidar de sete canteiros no entorno do prédio em que mora, na rua Simão Álvares, enchendo-os de "marias-sem-vergonha" e de "boas-noites", que produzem um visual multicolorido. "Amo esta terra. Estou aqui há mais de 53 anos e me considero mais brasileira do que italiana. Acho que posso contribuir com um pouco das virtudes de um povo que dá valor para suas flores." Ela vê, em relação à Itália, vantagens em São Paulo. "O tempo frio é curto, há tipos de planta que podem florescer durante o ano inteiro."

Inspirados no exemplo de Iolanda, moradores das redondezas -descrentes no poder público- sentiram-se estimulados a fazer seus próprios canteiros nas ruas. O porteiro de um prédio fez uma "vaquinha" e, além de flores, plantou árvores. "Na última viagem que fiz à Itália, fiz questão de levar as fotos da rua para que meus parentes vissem o progresso. Antes não dava para mostrar, era tudo muito feio."

Entusiasmada com as conquistas, Iolanda quer agora ensinar as pessoas a criar canteiros, compartilhando conhecimentos que abrangem desde a época certa para o plantio e as características de cada planta até os lugares onde fazer as compras por um preço melhor - da menina encantada com as flores em Veneza, ela busca ser uma professora de jardinagem pública.

A guerra contra os cães já não está tão solitária. Surgiram recentemente associações de rua em Pinheiros - nas ruas Mateus Grou, Joaquim Antunes e Simão Álvares, por exemplo - que lançaram campanhas pela civilidade dos proprietários de animais.

 

 
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