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Dia 20.12.00

O homem-morcego mora aqui

Os distritos policiais de São Paulo inventaram o homem-morcego -espécime capaz de dormir em pé, amarrada nas grades, devido à falta de espaço na cela.

A técnica foi se espalhando pelas delegacias, superlotadas de presos, a ponto de o secretário da Segurança, Marco Vinício Petrellluzzi, afirmar que um campo de concentração nazista seria para eles um "avanço".

O homem-morcego é produto da improvisação acrescida ao descaso. Os distritos policiais não foram imaginados para servir como cadeia, mas como centro de triagem.

No 3º distrito, região da chamada cracolância, estão enjauladas 176 pessoas numa área que daria, no máximo, para 60; alguns estão ali há mais de um ano aguardando julgamento.

"Só posso dizer que sinto vergonha", reconheceu ontem Petrelluzzi, ao visitar aquele distrito, onde vivem homens-morcego.

O problema não é só para os marginais, mas para toda a cidade, especialmente nas festas de final de ano, quando aumenta o número de rebeliões.

Os policiais dizem abertamente que não existe sistema adequado contra fugas.

Transformadas em rotina, as fugas significam dinheiro desperdiçado da captura e uma política de "enxuga-gelo" no combate à criminalidade; são este ano 555 fugas, de janeiro até novembro.

O que separa o preso da liberdade são, muitas vezes, apenas uma porta e uma parede, num convite ao resgate.

A solução seria ampliar os Centros de Detenção Provisória (CPD), dotados de sistemas de segurança e desenvolvidos com a ajuda de movimentos de direitos humanos.

Já existem cinco deles construídos, com capacidade para abrigar 765 presos. Até hoje não houve registro de fuga deles.

Para destruir a carceragem dos distritos, seriam necessários, no mínimo, mais 10 CPDs, ao custo de R$ 50 milhões. Não há, porém, previsão de recursos nem no governo estadual nem no federal para esse tipo de obra.

Alguns desses centros já começam a reproduzir o mesmo erro, graças à enxurrada de capturas e da falta de celas: presos sentenciados continuam nos centros provisórios, embora devessem ter sido encaminhados para uma penitenciária.


 

 
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