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Dia 21.02.01

O paradisíaco Carandiru

Se as promessas eleitorais fossem cumpridas, a paisagem do Carandiru seria hoje bem diferente e produziria um dos melhores exemplos de revigoramento da cidade de São Paulo.

No lugar das cenas de irados presos seminus amotinados, uma reserva de mata atlântica integrada a um parque de 427 mil m2 - cerca de 60 campos de futebol ou de um terço do Ibirapuera - estaria prestes a ser concluída.

Em torno do parque, repleto de crianças e casais de namorados, trabalhadores substituiriam marginais em prédios reformados, arejados, livres das grades, onde passariam por programas de reciclagem profissional. Em vez de cadeias, salas de aula, auditórios e centros de exposição.

Quando disputava a reeleição, o governador licenciado Mário Covas prometeu desativar o Carandiru, anunciando um presente à degradada zona norte. Em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o governo estadual promoveu concurso e escolheu o projeto que convertia aquela área na Universidade do Trabalhador. "O Carandiru é um câncer urbano", diz o presidente do IAB, Gilberto Belleza, lamentando o arquivamento da idéia.

Os 7.000 presos seriam espalhados pela cidade em cadeias menores, mais facilmente controláveis. O plano foi abortado pelo aumento da eficiência policial: nunca se prendeu tanta gente. Superlotaram-se ainda mais os distritos, as novas construções que ajudariam a tornar inativo o Carandiru logo foram ocupadas. "A conta não fecha", afirma o secretário de Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi.

A conta não fecha pois anualmente a população carcerária aumenta em cerca de 10 mil pessoas; ao final do ano, o Estado deverá ter 100 mil presos. Para dar vazão ao crescimento, teria de ser levantada uma nova cadeia de porte médio por mês, acarretando gasto de R$ 20 milhões, só para tudo continuar como está -uma situação que, como mostram as rebeliões, não serve para abrigar com mínimo de respeito os presos, muitos menos para devolvê-los melhores ao convívio social.

Até ontem, o máximo que as autoridades penitenciárias se dispunham a anunciar era a divisão em quatro da Casa de Detenção, ocupando, porém, o mesmo espaço. É algo semelhante à escola superlotada em que, para enfrentar muitos alunos indisciplinados, chamam-se mais diretores.

 

 

 
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