Guerra
dos postes
Ao caminhar
por agradáveis cidades da Europa e dos Estados Unidos,
Nabil Bonduki procurava, com seu olhar de professor de arquitetura,
entender por que a paisagem de São Paulo é tão
"perturbadoramente feia".
Eleito
vereador pelo PT, ele dá os últimos retoques
num projeto para tirar do papel uma de suas idéias,
concebida nos passeios em Paris ou em Nova York, para diminuir
a feiúra paulistana: combater os fios pendurados nos
postes de eletricidade. "Fiação exposta
é coisa de lugar subdesenvolvido. É como deixar
o varal na sala de visitas." Bom exemplo estético
pode ser visto num dos cartões-postais da cidade, a
avenida Paulista, cuja elegância se deve, em parte,
à ausência do "varal".
Com o
apoio da prefeita Marta Suplicy, Nabil quer obrigar as empresas
de telefonia e de energia a transferir seus fios para o subsolo,
reduzindo o "efeito varal" nas ruas. Em contrapartida,
elas receberiam isenção do imposto de utilização
do espaço público; seria o jeito de compensar
o custo das obras. "Uma das vantagens imediatas é
que as árvores, hoje podadas por causa dos fios, poderiam
crescer e embelezar as ruas", afirma Nabil.
Esse projeto
de lei é mais um ingrediente na nada subterrânea
guerra dos postes em São Paulo. Na busca de recursos,
a prefeitura promete cobrar, na Justiça, o dinheiro
pelo uso dos espaços usados pelos postes.
Dona dos
postes, a Eletropaulo adianta que, se for obrigada a fazer
tal pagamento, a conta vai acabar no bolso do consumidor.
Para evitar isso, a direção da empresa acredita
que o mais adequado seja esconder a fiação no
subsolo de apenas algumas regiões da cidade.
A Eletropaulo
já está envolvida numa dura disputa com a Telefônica:
quer cobrar um aluguel de R$ 5 por poste; a Telefônica
informa que não está disposta a pagar mais de
R$ 0,12.
Como a
legislação determina a abertura do mercado de
telefonia em 2002 às empresas de telecomunicação,
a cobiça por postes tende a crescer -a Embratel, por
exemplo, mandou dizer que topa o preço da Eletropaulo.
Quem resolveu
questão semelhante a essa foi a Prefeitura de Barcelona,
na Espanha, uma das mais importantes referências em
urbanismo do mundo -mas não foi uma solução
barata. O próprio poder público esburacou as
ruas e criou um duto no subsolo para os fios, tirando-os dos
postes. Decidiu, então, cobrar aluguel para o uso do
duto.
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