Casa
antiapagão
Morador
dos Jardins, o arquiteto Rafaelle Bellasai planeja viver longe
do tumulto urbano e está erguendo, a 46 km de São
Paulo, uma casa ecologicamente correta -à prova de
apagões.
Vizinha
de uma reserva florestal e construída no condomínio
Ecoville, do qual ele é o arquiteto responsável,
a casa foi pensada para gastar o mínimo de energia
hidrelétrica. "Vou aproveitar o sol e o vento."
Na futura
casa de Rafaelle, o aquecimento da água, a começar
pela da piscina, e parte da iluminação virão
da energia solar. Uma minicentral de gás também
será usada. "Estamos pensando em retirar gás
do lixo." No condomínio, 100% do lixo vai para
a reciclagem.
Até
gostaria de radicalizar e nem sequer usar o gás, mas
ainda não considera viável o uso da energia
solar em todos os aparelhos, do refrigerador ao computador,
passando pela televisão. "Temos de esperar. Já
existe tecnologia, mas está muito cara."
O fundamental,
segundo ele, são as soluções mais simples
-as que valorizam a iluminação e a ventilação
naturais. A sala e os quartos foram desenhados para aproveitar
cada segundo da luz do dia; encurtaram-se, por exemplo, os
corredores.
As janelas
foram posicionadas levando-se em conta a direção
dos raios solares, o que implica a elaboração
de um projeto paisagístico que não interfira
em pontos estratégicos de captação da
luz.
Num esforço
para manter arejados os ambientes, a construção
foi projetada com pé-direito alto e paredes feitas
de tijolos maciços em vez de blocos. O uso de materiais
antitérmicos nos telhados também contribuiu
para evitar a elevação da temperatura no interior
da casa. Tudo foi organizado para aproveitar o vento, fazendo-o
circular em salas e cômodos. São recursos que
desestimulam o uso de ar-condicionado, um dos principais devoradores
de quilowatts.
Na mistura
de formas e tecnologia, Rafaelle constrói o que imagina
ser o ponto ideal de integração da arquitetura
com a natureza. Mas, no íntimo, ele tem dúvidas
de que vá viver feliz nesse paraíso ecológico.
Ele é
um apaixonado por Roma, cidade onde nasceu e estudou arquitetura.
Depois se encantou pelo Brasil, veio morar em São Paulo
e virou pai. "Eu reclamo do barulho, da agitação,
mas ainda não sei se consigo viver longe da cidade."
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