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Dia 24.10.01

São Paulo dos sonhos

Principal mentor do plano divulgado na semana passada para orientar o crescimento de São Paulo, Jorge Wilheim conseguiu construir uma cidade ideal, protegida do caos do trânsito, onde é possível ir a pé ao escritório e, em poucos minutos, voltar para almoçar em casa - pelo menos para ele esse paraíso urbano já é realidade.

Em seu plano, Wilheim, secretário municipal do Planejamento, expôs um modelo baseado no ideal de que as pessoas não tenham necessidade de se movimentar tanto de automóvel. Os bairros deveriam ser mistos, com residências, comércio e serviços.

Busca-se repovoar o centro, melhorando a orla ferroviária, e, ao mesmo tempo, estabelecer núcleos de serviços na periferia - estimula-se, por exemplo, a criação de ciclovias e de caminhos que interliguem parques. "Quanto menos carros, melhor", afirma, contrário à existência de bairros exclusivamente residenciais, sem corredores de serviços. Essa rara possibilidade já faz parte de sua vida.

Quarenta anos atrás, ele se mudou com a família para uma vila em Perdizes, na zona oeste, onde as crianças faziam da rua o prolongamento da casa.

Adquiriu uma residência vizinha à sua, onde instalou o escritório de arquitetura; a mulher, Joanna, uma psicanalista, também aproveitou a vizinhança para montar o consultório. É a conveniência de uma pacata cidade de interior no meio de uma metrópole.

Mas não foi apenas o convite para a secretaria do Planejamento que tirou seu sossego, obrigando-o a fazer mais deslocamentos. Aquela vila serve de microscópico exemplo dos riscos do crescimento desordenado da cidade. Usando artifícios legais, uma construtora ergueu, a poucos metros da casa de Wilheim, um imenso prédio de 21 andares, um mostrengo arquitetônico que mexeu com aquela paisagem interiorana e, pior, atiçou o apetite de incorporadores, de olho na possibilidade de adquirir imóveis nos dois lados da vila.

Há entre os vizinhos um pacto contra a especulação imobiliária para evitar a construção de edifícios dessas proporções; o pacto consiste em não vender as casas.

Mas, como quase tudo em São Paulo, corre o risco de, mais cedo ou mais tarde, ser engolido pela especulação. Difícil saber até quando aquela vila, quase uma utopia paulistana, conseguirá resistir.

 

 
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