A
reinvenção de São Paulo
Graças
aos catadores de material reciclável da zona leste
de São Paulo, está prestes a ser apresentada
uma invenção para modernizar um veículo
movido a tração humana. É um carrinho
ergonômico, resultado de parceria entre um professor
do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados
Unidos, e o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT)
da USP (Universidade de São Paulo).
Um dos
convidados internacionais do projeto Arte/Cidade -evento que,
periodicamente, faz de uma região da cidade uma galeria
a céu aberto-, o designer Krzysztof Wodiczko resolveu
desenhar um carrinho para facilitar a vida dos catadores de
papel, personagens tão comuns na paisagem paulistana,
a linha fronteiriça entre a informalidade e a mendicância.
O carrinho
é uma das várias intervenções
preparadas por artistas brasileiros e estrangeiros a serem
espalhadas por Belenzinho, Brás, Mooca, Pari. Cortados
pela linha do trem, esses bairros, povoados por imigrantes
europeus, especialmente italianos, representavam até
a década de 40 a pujança industrial de São
Paulo. E, depois, perderam papel, entrando num círculo
vicioso de decadência urbana -os catadores de recicláveis
são sinais ambulantes dessa decadência.
A quarta
versão do Arte/Cidade, cujas instalações
começam a ser preparadas no início do próximo
ano, querem estimular a reflexão sobre o futuro da
zona leste. A provocação dos artistas encaixa-se
no mais importante sonho da prefeitura -e nos sonhos dos mais
influentes urbanistas. "É a grande saída
para melhorar a cidade", aposta Raquel Rolnik. "É
a solução óbvia", garante Cândido
Malta.
O secretário
do Planejamento, Jorge Wilheim, está articulando um
plano para trazer a população, especialmente
da periferia, de volta à zona leste. Ele quer estimular
a construção de empresas e conjuntos residenciais
ao longo da linha férrea, onde se vêem hoje centenas
de galpões abandonados. "É a maior fronteira
urbana do planeta a ser reaproveitada", diz Wilheim.
A solução
é tão óbvia como necessária, porque
aqueles bairros já têm a infra-estrutura pronta
e, mais importante, a linha férrea significaria transporte
público de qualidade, desta vez conectado ao metrô.
Aposta-se, ali, não apenas na reinvenção
de bairros -mas da própria cidade de São Paulo,
que inverteria seu caminho rumo à periferia.
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