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Dia 10.08.00

Escolas descobrem professores na rua

Gilberto Dimenstein

Cidade Líder é um bairro na Zona Leste de São Paulo onde fadas ajudam a educar crianças de escola municipal Prof. Luiz Pereira.

A biblioteca daquela escola foi abastecida com livros sobre fadas, utilizados para desenvolver linguagem, imaginação, trabalhando ao mesmo tempo problemas éticos e emocionais.

Com poucos recursos à sua disposição, sem tradição de leitura na família e desabituados a frequentar bibliotecas, os alunos se encantaram com aquele jeito de aprender _ e, na média, melhoraram seu desempenho escolar.

As fadas entraram ali porque a direção da escola abriu-se à comunidade, permitindo que um grupo de educadores, treinados na leitura de estórias e patrocinados com recursos privados, ganhasse espaço e tempo para desenvolver o projeto.

O melhor desempenho escolar, graças a essa intervenção comunitária, não é novidade. Buscar auxílio nos talentos da comunidade faz parte do manual sobre como se consegue uma boa escola pública.

O Censo Escolar divulgado esta semana mostrou, mais uma vez, que o Brasil vem conseguindo aumentar as matrículas. É consenso, porém, a qualidade ruim do ensino; o despreparo dos professores, infra-estrutura indigente das escolas, currículos distantes da realidade. Para piorar, poucos recursos.

Mesmo nas nações mais ricas, escolas públicas saem à caça do apoio externo para aprimorar a qualidade do ensino. Nos Estados Unidos, essa idéia chegou ao seu ponto máximo, com a criação das chamadas "charters schools". Charter tem, aqui, o sentido de compromisso.

As melhores escolas públicas americanas são aquelas que conseguiram fazer as melhores parcerias com a comunidade _ o que vai dos pais e empresas, passando por museus, teatros, cinemas, centros de pesquisa, até as faculdades, para treinamento de professores e desenvolvimento de currículo.

Nas "charters schools", os prefeitos entregam, em regime de concessão, a administração da escola a grupos comunitários, com ampla autonomia. Depois de cinco anos, é feito um teste para medir o aprendizado.

No Brasil, há pelo menos uma experiência que se aproxima desse modelo. Em Salvador, a Prefeitura entregou a gestão de uma escola ao Projeto Axé. O currículo é baseado em arte e cultura, especialmente com as referências baianas: Jorge Amado, Caetano Veloso, Gilberto Gil, João Ubaldo Ribeiro.

A Prefeitura de Salvador tem um fórum especialmente dedicado para aglutinar as entidades que desejem colaborar com a educação pública, desenvolvendo projetos.

O que se vê, no geral, é a chegada de educadores motivados, dispostos a gerar inovações, sem a modorra do funcionalismo estatal _ e, mais importante, capazes de influenciar a rede pública.

À beira do Rio Solimões, na Amazônia, mora o povo indígena Ticuna. Eles frequentam uma escola com 750 crianças. Uma parceria assegurou aos indígenas preservar suas tradições com suas músicas e lendas.

Seria praticamente impossível ao poder público, já com dificuldades no ensino de matemática ou português, enveredar na aplicação da música e lendas indígenas em sala de aula.

Existem dados disponíveis para medir cientificamente o impacto da ajuda comunitária. Patrocinado pela Câmara Americana do Comércio, o Instituto da Qualidade de Ensino atua em escolas de São Paulo, Campinas e Recife. Sua missão: treinar o professor, ajudá-lo a lidar com o aluno.

O núcleo piloto, iniciado em 1994, é formado por três escolas da periferia da cidade de São Paulo. Foi feito um teste na primeira turma de alunos, cujos professores passaram a receber orientação do Instituto de Qualidade de Ensino: 26% conseguiram a nota 7 em português, 10% a mesma nota em matemática.

Atualmente, 67% conseguem 7 em português; 31% em matemática.

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