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12/01/2006 - 09h38

IPCA fecha 2005 com inflação de 5,69%, acima do centro da meta

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JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,36% em dezembro e fechou o ano de 2005 com uma taxa acumulada de 5,69%, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado ficou acima do centro da meta de inflação ajustada, de 5,1%, mas ainda dentro da margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais.

O resultado representou também um recuo em relação à inflação acumulada em 2004, de 7,60%. Desde que o sistema de metas de inflação passou a ser adotado em 1999, o Banco Central só conseguiu cumprir o centro da meta em 2000. Em sete anos, esta é a sexta vez que o país ultrapassa o centro da meta, mas é também o segundo ano seguido que a inflação oficial fica dentro da margem de tolerância.

Até a metade do ano passado, economistas ainda apostavam no cumprimento do centro da meta. Segundo a economista-chefe do BES Investimento, Sandra Utsumi, o desvio ficou por conta do ajuste de preços de combustíveis no segundo semestre. 'O contexto internacional levou o preço do barril de petróleo a níveis históricos e tornou inevitável o repasse de custos para a economia nacional', afirmou.

O IBGE aponta fatores como a boa oferta de produtos agrícolas --apesar da queda de 5,5% na safra de 2005-- e a influência da queda do dólar como responsáveis pelo recuo da inflação em relação a 2004. A valorização do real permitiu uma certa estabilidade de preços em produtos como os de higiene pessoal e contribuiu para a redução nos preços de aparelhos de TV, de som e de informática (-8,49%).

Os alimentos exerceram um papel importante no sentido de conter a inflação. O dólar contribuiu para a alta mais moderada de preços de alimentos e bebidas, que acumularam variação de 1,99% no ano passado. Esta é a menor variação do grupo desde 1998, quando haviam acumulado taxa de 1,95%. "Não fosse a taxa de câmbio baixa, a quebra de safra teria tido um efeito perverso", afirmou a gerente do Sistema de Índices de Preços, Eulina Nunes dos Santos.

O resultado da inflação de 2005 foi o menor desde 1998, quando o índice havia apurado alta de 1,65%. Segundo Santos, os resultados mostram a correlação da inflação brasileira com o comportamento do dólar. Após o choque cambial de 2002, as taxas deram sinais de desaceleração nos anos seguintes com o menor efeito do dólar.

'O saldo da inflação em 2005 foi muito positivo. A queda dos preços agrícolas por conta do recuo nos preços das commodities no mercado internacional teve um peso significativo e a valorização do real colaborou', afirmou Alex Agostini

O grupo que apresentou maior variação em 2005 foram os transportes, com alta de 8,07%. O principal impacto individual no IPCA, de 0,52 ponto percentual, ficou com as passagens de ônibus urbanos, que subiram 10,44%. Outros produtos que pressionaram a inflação foram gasolina (7,76%), salários de empregados domésticos (11,52%) e tarifas de serviços públicos como energia elétrica (8,03%) e telefone fixo (6,68%).

No ano, a maior taxa acumulada foi registrada na região metropolitana de Recife, com 7,10%, e a taxa mais baixa, em Curitiba (4,79%). São Paulo registrou uma inflação acumulada de 5,38% e o Rio de Janeiro, de 5,34%.

O índice se refere a famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos e abrange Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Brasília e Goiânia.

Dezembro

Em dezembro, o indicador apurou alta de 0,36%, com a menor pressão de transportes (de 0,66% para 0,24%) e dos alimentos (de 0,88% para 0,27%). Em novembro, o IPCA havia registrado alta de 0,55%.

Na avaliação da economista chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour, o resultado veio em linha com as expectativas, mas com núcleo pior do que o esperado. "O que pressionou para cima o núcleo foi a parte de vestuário e artigos de residência. Um ponto positivo do IPCA foi a queda significativa dos bens não comercializáveis, que são formados basicamente pelos serviços e não são afetados tão fortemente pelo câmbio", disse.

Segundo a Austin Ratings, a desaceleração já era esperada em razão do fim do efeito de aumento dos combustíveis.

Gasolina, passagens aéreas e ônibus urbanos foram os principais itens que fizeram baixar a taxa do grupo transportes. A gasolina (-0,18%) chegou a apresentar pequena queda, após os aumentos de setembro (3,36%) e outubro (4,17%) como efeito de reajuste, além da variação residual de 0,83% de novembro.

O álcool, no entanto, ficou 4,53% mais caro para o consumidor com o repasse dos reajustes praticados pelas distribuidoras.

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