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08/03/2006
-
09h21
HUMBERTO MEDINA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A escolha do governo brasileiro pelo padrão japonês (ISDB) de TV digital poderá significar um custo maior para os telespectadores. De acordo com relatório encomendado pelo próprio governo ao CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), os conversores (aparelhos que serão usados para que aparelhos analógicos recebam sinais digitais) terão preço de venda maior em caso de escolha do padrão japonês.
Baseado em um custo médio de R$ 400 para o conversor, o CPqD estimou que a transição para a TV digital custará aproximadamente R$ 14 bilhões aos consumidores, em um prazo de 15 anos.
Os conversores feitos para funcionar com o modelo japonês de TV digital custariam, segundo o CPqD, entre R$ 276 e R$ 761, de acordo com a complexidade (com ou sem interatividade, com ou sem canal de retorno, por exemplo). Os conversores mais baratos seriam os fabricados em caso de escolha do padrão europeu (DVB): entre R$ 233 e R$ 662. Favorável ao modelo japonês, o ministro Hélio Costa (Comunicações) criticou o relatório, contestou os números e não o divulgou, conforme havia prometido.
De acordo com o estudo, influencia no preço o fator escala: o padrão europeu é usado em 57 países, e o japonês, só no Japão. Segundo o CPqD, a escolha do governo deveria levar em conta "as perspectivas de mercado, para gerar maior fator de escala de produção, o que influencia diretamente no investimento necessário no setor produtivo e no preço final ao consumidor".
Ainda de acordo com o relatório, o fator preço do conversor é fundamental: "quanto menor o preço, melhores os resultados em termos de adesão da população, de níveis de produção e de balança comercial".
Do ponto de vista técnico, a escolha do padrão japonês se encaixa nos critérios que o governo havia estipulado: possibilidade de transmissão em alta definição, mobilidade (conteúdo pode ser transmitido para uma televisão instalada em um ônibus em movimento, por exemplo) e portabilidade (imagem pode ser captada por aparelhos menores, como celulares). Nos estudos técnicos, de acordo com o governo, o padrão japonês é o que se mostrou mais robusto considerando essas características.
Modelo de negócio
A escolha do governo põe fim a uma batalha de bastidores que envolveu ministros de Estado de países estrangeiros, multinacionais fabricantes de equipamentos, operadoras de telecomunicações e redes de TV. Outra etapa da guerra, no entanto, irá continuar quando o governo for regulamentar o chamado "modelo de negócios": nessa fase, poderá ser definido quem poderá participar da nova televisão e se haverá ou não mais competição no setor. O Congresso Nacional, que inicialmente pensou em participar da escolha do padrão, já voltou suas atenções para o "modelo de negócios".
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Escolha do padrão japonês pode custar mais para consumidor
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
A escolha do governo brasileiro pelo padrão japonês (ISDB) de TV digital poderá significar um custo maior para os telespectadores. De acordo com relatório encomendado pelo próprio governo ao CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), os conversores (aparelhos que serão usados para que aparelhos analógicos recebam sinais digitais) terão preço de venda maior em caso de escolha do padrão japonês.
Baseado em um custo médio de R$ 400 para o conversor, o CPqD estimou que a transição para a TV digital custará aproximadamente R$ 14 bilhões aos consumidores, em um prazo de 15 anos.
Os conversores feitos para funcionar com o modelo japonês de TV digital custariam, segundo o CPqD, entre R$ 276 e R$ 761, de acordo com a complexidade (com ou sem interatividade, com ou sem canal de retorno, por exemplo). Os conversores mais baratos seriam os fabricados em caso de escolha do padrão europeu (DVB): entre R$ 233 e R$ 662. Favorável ao modelo japonês, o ministro Hélio Costa (Comunicações) criticou o relatório, contestou os números e não o divulgou, conforme havia prometido.
De acordo com o estudo, influencia no preço o fator escala: o padrão europeu é usado em 57 países, e o japonês, só no Japão. Segundo o CPqD, a escolha do governo deveria levar em conta "as perspectivas de mercado, para gerar maior fator de escala de produção, o que influencia diretamente no investimento necessário no setor produtivo e no preço final ao consumidor".
Ainda de acordo com o relatório, o fator preço do conversor é fundamental: "quanto menor o preço, melhores os resultados em termos de adesão da população, de níveis de produção e de balança comercial".
Do ponto de vista técnico, a escolha do padrão japonês se encaixa nos critérios que o governo havia estipulado: possibilidade de transmissão em alta definição, mobilidade (conteúdo pode ser transmitido para uma televisão instalada em um ônibus em movimento, por exemplo) e portabilidade (imagem pode ser captada por aparelhos menores, como celulares). Nos estudos técnicos, de acordo com o governo, o padrão japonês é o que se mostrou mais robusto considerando essas características.
Modelo de negócio
A escolha do governo põe fim a uma batalha de bastidores que envolveu ministros de Estado de países estrangeiros, multinacionais fabricantes de equipamentos, operadoras de telecomunicações e redes de TV. Outra etapa da guerra, no entanto, irá continuar quando o governo for regulamentar o chamado "modelo de negócios": nessa fase, poderá ser definido quem poderá participar da nova televisão e se haverá ou não mais competição no setor. O Congresso Nacional, que inicialmente pensou em participar da escolha do padrão, já voltou suas atenções para o "modelo de negócios".
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