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16/03/2006 - 10h23

Argentinos ignoram pedido de Kirchner para boicotar carne

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VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

O pedido feito na terça-feira pelo presidente argentino, Néstor Kirchner, para que a população boicotasse o consumo de carne, não causou redução nas vendas do produto na capital portenha, segundo reportagem desta quinta-feira do diário argentino "La Nación".

A venda de carne bovina em supermercados e açougues nos bairros de San Telmo, San Cristóbal, Monserrat e Recoleta manteve-se inalterada, disse o diário. "Por sorte, ninguém sentiu nenhuma mudança depois do que disse o presidente. vendemos hoje [ontem] o mesmo que nos últimos dias", disse o proprietário do açougue El Mercadito, Leonardo Riesgo.

"O que acontece é que muita gente está acostumada a comer carne e ninguém vai mudar de um dia para o outro", concluiu.

Em outro estabelecimento da capital, a Granja Leandro y Lucas, o funcionário Marcelo Mendoza disse não ter visto qualquer redução. "As pessoas compraram a mesma quantidade de carne bovina e de frango. Por aqui, não teve efeito nenhum o pedido de Kirchner", disse.

Comer carne é um costume arraigado na cultura argentina e um pedido do presidente não teria efeito de mudar isso, disse o proprietário de supermercado Carlos Oriente, 58. "Eu, se não como carne, não consigo andar", afirmou.

Os consumidores endossam as afirmações dos comerciantes. "Sempre compro carne uma ou duas vezes por semana, e vou continuar comprando. Acho que a solução tem de ser buscada de outro modo, porque não se pode pedir às pessoas que não comam carne", disse Susana Pedroso, 70.

Suspensão e inflação

O pedido do presidente argentino faz parte da estratégia para tentar controlar a inflação no país. A briga do governo com os produtores de carne teve mais um ato na semana passada, quando Kirchner anunciou a suspensão da venda externa do produto por 180 dias, a fim de aumentar a oferta no mercado interno e, assim, fazer os preços baixarem.

A carne é um dos itens que mais influenciam o índice de inflação do país, que chegou a 12,3% ano passado. No acumulado do ano, o produto já teria subido 27%. Em 2005, subiu 23%.

Segundo a ministra da Economia, Felisa Miceli, em coletiva na Casa Rosada, por três meses, o país só exportará carne da cota Hilton, corte de alta qualidade destinado à Europa, e os volumes de venda acertados em acordos país-país.

O governo também ampliou o aumento de encargos de exportação do produto, de 5% para 15%, para carnes com osso e termoprocessadas. A maioria dos cortes já paga mais imposto desde novembro, já parte da tentativa de aumentar a oferta interna.

Mesmo com o aumento da oferta, os preços não cederam, diz o "La Nación". "[O preço] não caiu e não vai cair. E mais, vamos ter de aumentá-los", disse o proprietário de açougue Natalio Raimundo, no bairro da Recoleta.

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