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26/12/2006
-
09h03
NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Impulsionado por incentivos fiscais dados pelo governo à construção civil, o crescimento do setor imobiliário passou a contar, neste ano, com investimentos recordes feitos por empresas estrangeiras. Segundo dados do Banco Central, esse segmento é um dos que mais têm recebido aportes de capital externo, em empreendimentos localizados, principalmente, no Nordeste do país.
Entre janeiro e novembro, os investimentos estrangeiros nessa área totalizaram US$ 1,352 bilhão, um crescimento de 410% em relação aos primeiros 11 meses do ano passado. Esses números garantiram ao setor imobiliário o sexto lugar na lista dos segmentos que mais recebem capital externo no Brasil, superando setores em que a presença de multinacionais é forte, como o de telecomunicações.
Segundo especialistas dessa área, a redução de tributos que incidem sobre a construção civil e os estímulos à expansão do crédito habitacional dados pelo governo colaboraram para o maior interesse dos investidores --tanto brasileiros quanto estrangeiros-- por esse setor.
No caso dos estrangeiros, porém, esse interesse está relacionado, em parte, ao crescimento do turismo, especialmente no Nordeste. "Muitos Estados, como a Bahia, o Rio Grande do Norte e o Ceará, já recebem investimentos estrangeiros destinados a imóveis usados como segunda habitação", diz o consultor Caio Calfat Jacob, da CJ&N Real Estate Consulting.
A segunda habitação é o nome dado aos imóveis adquiridos por estrangeiros interessados em, regularmente, passar temporadas de férias no Brasil. Embora não existam estatísticas detalhadas sobre o assunto, Jacob afirma que boa parte dos investimentos estrangeiros em imóveis tem origem na Europa, principalmente de Portugal e Espanha --países que, geograficamente, estão mais próximos do Nordeste brasileiro.
Atração
Ainda segundo Jacob, os estrangeiros também investem em hotéis e áreas de lazer, como campos de golfe, para atrair os turistas europeus para o Brasil. "Isso acaba servindo de chamariz, para que, no futuro, o turista compre um imóvel aqui."
Assim como os investimentos no setor imobiliário, os gastos de turistas estrangeiros em visita ao Brasil também têm atingido níveis recordes. Entre janeiro e novembro deste ano, esses viajantes trouxeram US$ 3,916 bilhões ao país, o maior valor registrado pelo BC nos últimos oito anos. "Hoje o Brasil é apresentado ao mercado europeu como a bola da vez do turismo internacional", diz Jacob.
O consultor afirma ainda que tem recebido, nos últimos meses, consultas de empresas estrangeiras interessadas em investir também na construção de imóveis residenciais voltados para o mercado doméstico em cidades como Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba.
Para José Carlos Martins, vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o mercado doméstico de imóveis, por sua vez, deve ser impulsionado pela esperada expansão do crédito habitacional no país. "No Brasil, o crédito habitacional não chega a 2% do PIB [Produto Interno Bruto]. Ainda está muito longe da média internacional", afirma. Em países como Estados Unidos, Espanha e Alemanha, essa proporção supera os 50%. No Chile, a relação é de aproximadamente 20%.
Entre as medidas tomadas pelo governo para estimular a concessão de empréstimos habitacionais, está, por exemplo, a adoção da chamada "TR fixa" --um indexador preestabelecido que pode ser usado para corrigir os financiamentos, no lugar da Taxa Referencial tradicional, que varia diariamente.
Para Martins, medidas como essa, aliadas à estabilidade da economia, estimulam as pessoas a tomar empréstimos de prazos mais longos --como os habitacionais--, pois as parcelas a serem pagas são conhecidas desde o momento da liberação do financiamento.
O executivo diz, porém, que outras propostas de estímulo ao setor estão sendo discutidas com o governo. Uma delas é a portabilidade, mudança que permitiria ao mutuário transferir o seu saldo devedor de um banco para outra instituição financeira, em busca de taxas de juros mais vantajosas.
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Impulsionado por incentivos fiscais dados pelo governo à construção civil, o crescimento do setor imobiliário passou a contar, neste ano, com investimentos recordes feitos por empresas estrangeiras. Segundo dados do Banco Central, esse segmento é um dos que mais têm recebido aportes de capital externo, em empreendimentos localizados, principalmente, no Nordeste do país.
Entre janeiro e novembro, os investimentos estrangeiros nessa área totalizaram US$ 1,352 bilhão, um crescimento de 410% em relação aos primeiros 11 meses do ano passado. Esses números garantiram ao setor imobiliário o sexto lugar na lista dos segmentos que mais recebem capital externo no Brasil, superando setores em que a presença de multinacionais é forte, como o de telecomunicações.
Segundo especialistas dessa área, a redução de tributos que incidem sobre a construção civil e os estímulos à expansão do crédito habitacional dados pelo governo colaboraram para o maior interesse dos investidores --tanto brasileiros quanto estrangeiros-- por esse setor.
No caso dos estrangeiros, porém, esse interesse está relacionado, em parte, ao crescimento do turismo, especialmente no Nordeste. "Muitos Estados, como a Bahia, o Rio Grande do Norte e o Ceará, já recebem investimentos estrangeiros destinados a imóveis usados como segunda habitação", diz o consultor Caio Calfat Jacob, da CJ&N Real Estate Consulting.
A segunda habitação é o nome dado aos imóveis adquiridos por estrangeiros interessados em, regularmente, passar temporadas de férias no Brasil. Embora não existam estatísticas detalhadas sobre o assunto, Jacob afirma que boa parte dos investimentos estrangeiros em imóveis tem origem na Europa, principalmente de Portugal e Espanha --países que, geograficamente, estão mais próximos do Nordeste brasileiro.
Atração
Ainda segundo Jacob, os estrangeiros também investem em hotéis e áreas de lazer, como campos de golfe, para atrair os turistas europeus para o Brasil. "Isso acaba servindo de chamariz, para que, no futuro, o turista compre um imóvel aqui."
Assim como os investimentos no setor imobiliário, os gastos de turistas estrangeiros em visita ao Brasil também têm atingido níveis recordes. Entre janeiro e novembro deste ano, esses viajantes trouxeram US$ 3,916 bilhões ao país, o maior valor registrado pelo BC nos últimos oito anos. "Hoje o Brasil é apresentado ao mercado europeu como a bola da vez do turismo internacional", diz Jacob.
O consultor afirma ainda que tem recebido, nos últimos meses, consultas de empresas estrangeiras interessadas em investir também na construção de imóveis residenciais voltados para o mercado doméstico em cidades como Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba.
Para José Carlos Martins, vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o mercado doméstico de imóveis, por sua vez, deve ser impulsionado pela esperada expansão do crédito habitacional no país. "No Brasil, o crédito habitacional não chega a 2% do PIB [Produto Interno Bruto]. Ainda está muito longe da média internacional", afirma. Em países como Estados Unidos, Espanha e Alemanha, essa proporção supera os 50%. No Chile, a relação é de aproximadamente 20%.
Entre as medidas tomadas pelo governo para estimular a concessão de empréstimos habitacionais, está, por exemplo, a adoção da chamada "TR fixa" --um indexador preestabelecido que pode ser usado para corrigir os financiamentos, no lugar da Taxa Referencial tradicional, que varia diariamente.
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