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08/01/2007 - 11h36

Bovespa deve continuar à mercê do cenário externo em 2007

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DENYSE GODOY
da Folha Online

O ano parecia estar começando muito bem para a Bolsa de Valores de São Paulo: logo em 2 de janeiro ela subiu 2,04% e alcançou o patamar inédito de 45.382 pontos. Porém, nos dias seguintes, ventos de fora fizeram-na recuar quase 7%. Prenúncio de como deve ser este 2007 para o mercado financeiro local. "As forças externas serão as principais forças agindo, a exemplo do que tem acontecido nos últimos quatro anos", afirma Fernando Exel, presidente da consultoria Economática.

Portanto, para entender o comportamento dos investidores, é preciso prestar atenção ao ritmo da economia mundial.

A forte aceleração da atividade, notada a partir de 2003, gerou uma grande demanda por commodities, e boa parte da Bovespa é formada por exportadoras --sendo a Companhia Vale do Rio Doce sua maior representante-- e empresas ligadas a elas. "O preço internacional das mercadorias que elas vendem ficou muito mais alto, então o seu lucro também aumentou brutalmente, daí a elevação das suas ações", explica Exel.

O preço dos papéis reflete, principalmente, as expectativas de ganhos futuros das companhias. E, analisando esse aspecto, a valorização das ações de empresas brasileiras nos últimos pregões parece até um tanto exagerada, na opinião de Exel.

Isso porque não se espera que, neste ano, a festa do crescimento global se repita. "Acreditamos em uma desaceleração suave e gradual", diz Pedro Batista, estrategista do banco UBS Pactual.

Mas ainda não há consenso. Tema debatido ao longo de meses, foram justamente as dúvidas a respeito do grau de desaquecimento da economia dos Estados Unidos --a maior potência do planeta-- o motivo para o nervosismo que marcou a semana passada. Na quarta-feira, a ata da última reunião do comitê de política monetária do Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) informou que alguns membros manifestaram preocupação sobre o assunto. E permanecem as incertezas sobre os rumos da inflação e da sua taxa básica de juros, atualmente em 5,25% ao ano.

Quando os juros dos EUA sobem, os grandes investidores internacionais abandonam suas aplicações em mercados de maior risco, como o brasileiro, e se refugiam nos títulos do Tesouro americano, que, além de seguros, oferecem melhor retorno naquele momento.

O mercado estava apostando que a taxa poderia vir a ser cortada ainda no primeiro semestre de 2007; entretanto, após os últimos indicadores de atividade divulgados, esse otimismo minguou bastante. E os estrangeiros, que, depois de cerca de seis meses, estavam voltando a apostar na Bovespa mais pesadamente, podem estar reavaliando suas posições.

É bom lembrar que a Bolsa brasileira depende muito deles: em 2006, tiveram uma participação de 35,5% no volume total de negociações, comprando R$ 20,953 bilhões em ações e vendendo R$ 19,893 bilhões, o que dá um saldo positivo de R$ 1,752 bilhão. Os investidores institucionais ficaram com 27,2%; as pessoas físicas, com 24,6%; as empresas, com 2,2%; e outros, com 0,1%.

Cenário interno

Há ainda as companhias cujos resultados estão ligados ao desempenho da economia nacional --como as dos setores de telecomunicações, energia elétrica e varejo.

Para elas, igualmente não se vislumbra um horizonte de lucratividade exuberante, já que as estimativas para o PIB (Produto Interno Bruto) são de um avanço de apenas 3,5% neste ano. "E, talvez, com a diminuição da euforia no exterior, os problemas locais passem a ficar mais evidentes", alerta Exel.

Amplamente favorável é redução da Selic, taxa básica de juros brasileira. Hoje ela está em 13,25% e a projeção é de que chegue a 11,75% até o final de 2007.

"Além de incentivar a atividade econômica, que resulta em crescimento do PIB, reduz o custo de capital das empresas", afirma Ricardo Fontes, consultor financeiro e professor. Ou seja, fica mais barato para elas captar recursos que lhes permitam incrementar a sua produção, o que acaba afetando diretamente as perspectivas de lucros (e o preço das ações, claro).

"E, se os juros caem, mais investidores são atraídos para a renda variável, porque a rentabilidade dos títulos públicos diminui", lembra Batista.

Estratégia

Segundo os especialistas, a Bovespa não deve bisar a alta de aproximadamente 33% verificada em 2006 --eles falam em uma elevação de 20% a 25%. Considerando os 44.473 pontos do encerramento do ano passado, isso significa que no final de dezembro de 2007 a Bolsa poderia estar entre os 53.377 e os 55.591 pontos. "Com uma Selic nominal média de 12%, esse é um bom retorno", diz Fontes.

Patricia Brunialti


O consultor recomenda ao pequeno investidor que espere um pouco por uma melhor definição do cenário externo antes de tomar decisões. "Outras baixas da Bovespa podem gerar boas oportunidades de compra", comenta.

E, para quem não está acompanhando o vaivém do mercado o tempo todo, a melhor estratégia é comprar as ações e ficar com elas por um prazo maior. "Escolhendo empresas tradicionais, sólidas, que têm boas perspectivas de resultados", sugere Fontes.

"O importante é que a Bolsa está se consolidando como opção de aplicação para investidores de todos os níveis, da maneira que acontece em economias mais desenvolvidas", afirma o consultor. Trata-se de uma alternativa interessante para poupança de longo prazo, como aquela destinada à aposentadoria ou a garantir a faculdade dos filhos.

Especial
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