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17/09/2001 - 09h00

Investir em fundo DI é mais seguro na turbulência

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ISABEL CAMPOS
Editora-adjunta do FolhaInvest

Se a perspectiva para a economia brasileira já não era considerada muito positiva, depois do atentado nos Estados Unidos, na terça-feira passada, que atingiu as torres do World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, a situação ficou ainda mais delicada.

E é por isso que a recomendação dos profissionais do mercado financeiro aos clientes e investidores tem sido a de manter a calma. Antes de tomar uma decisão e entrar no clima de pânico que contaminou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e o mercado de câmbio, é preciso refletir.

Na semana passada, o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) amargou um tombo de 18,12%. Foi uma das Bolsas que mais caiu entre as principais do mundo que estavam operando (veja gráfico). Paralelamente, o dólar subiu 4,06%, fechando a semana em R$ 2,69. Só não terminou mais caro porque o Banco Central interveio no mercado.

A explicação para a fuga da Bovespa e a compra de dólares é a seguinte: cresceu a percepção entre os investidores de que a entrada de capital externo no Brasil ficará ainda mais restrita, seja pelo lado de exportações seja por meio de investimentos diretos.

Segundo Márcio Verri, sócio-gerente da BankBoston Asset Management e estrategista-chefe do BankBoston, o cenário econômico mundial ficou muito nebuloso depois do ataque terrorista, e há duas incertezas particularmente preocupantes. A primeira é qual será a resposta dos EUA ao ataque e como isso afetará o preço do petróleo. A segunda é como foi abalada a confiança do americano.

Gilberto Poso, diretor da Lloyds TSB Asset Management, explica que o grande pilar que tem sustentado a economia americana e evitado que a desaceleração se transforme em recessão é o consumo interno. Este, por sua vez, depende diretamente do preço do petróleo e da confiança dos americanos na economia do país.

O desempenho americano influencia o comportamento de todo o globo, e retração no mundo significa menos fluxo de recursos para países emergentes, como o Brasil. "Deve acontecer uma freada nos investimentos em nível mundial", prevê Sérgio de Oliveira, diretor-executivo do Bradesco.

O ataque terrorista também tem levado os investidores estrangeiros a trocarem posições de risco, como títulos e ações de países emergentes, por papéis considerados seguros, como títulos soberanos dos EUA e da Europa.

Na semana passada, alguns títulos do governo americano foram tão procurados que os seus rendimentos chegaram a atingir recordes de baixa. Paralelamente, os bônus brasileiros estiveram entre os que mais perderam preço.

Hoje, a Bolsa de Nova York e a Nasdaq, que fecharam depois do ataque terrorista, reabrem. O seu comportamento ao longo dos próximos dias será um bom termômetro para medir o ânimo do investidor estrangeiro. É difícil, diz Verri, dizer o que vai acontecer nessas Bolsas, mas é grande a probabilidade de queda.

Em resumo: a percepção é que vai faltar ainda mais dinheiro para a Bolsa brasileira e, como explica Clive Botelho, diretor de tesouraria do WestLB Banco Europeu, para o Brasil financiar o seu déficit em transações correntes (englobam o resultado da balança comercial, da balança de serviços e das transferências unilaterais). "O fechamento das contas externas em 2002 vai ficar ainda mais difícil", estima Poso.

Diante de um quadro tão nebuloso, a maioria dos analistas tem a mesma opinião: se você tem recursos para investir, aplique-os em fundos DI. "O melhor em momentos de crise é ficar no porto seguro", diz Oliveira. Botelho também sugere a poupança para quem não tem acesso a fundos DI com boas taxas de administração.

Aplicar em dólar ficou ainda mais arriscado. Como diz André Loes, economista-chefe do Santander, ninguém pode afirmar que a cotação da moeda americana não continuará subindo, mas o campo para novas altas ficou bem mais estreito. "Já quem tem passivos em dólar não deve esperar para comprar", aconselha.

Quanto à Bolsa, a palavra de ordem é cautela. Joaquim Francisco de Castro Neto, presidente-executivo da área de varejo do Unibanco, concorda com a tese de que as ações estão baratas e que seria um bom ponto para comprar, mas adverte que o momento ainda é de nervosismo. "Não sabemos como o investidor americano irá reagir."

Cautela também vale para quem quer sair da Bolsa. "Acho que houve um certo exagero", diz Castro, referindo-se à queda das ações no Brasil. "Com a liquidez que os bancos centrais dos EUA e da Europa estão injetando no mercado financeiro, as Bolsas podem ter uma reação", diz Poso.

"O que aconteceu nos EUA é bem diferente de uma catástrofe no mercado financeiro. Não há razão para achar que há um cataclismo econômico", diz Castro.

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