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17/09/2001 - 09h31

Lista de devedores cresce nas financeiras em 2001

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CAROLINA MANDL
da Folha de S.Paulo

Quem fez um crediário ou um empréstimo pessoal em 2001 continua com mais dificuldade para pagar as contas do que em 2000.

Prova disso são as listas de devedores das financeiras, que não param de engordar, e as promoções que essas instituições estão fazendo para melhorar as contas.

Segundo dados da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), a taxa de inadimplência em agosto foi de 6%. No mesmo mês em 2000, o índice era de 3,3%.

O cálculo da ACSP levou em conta a diferença entre os carnês em atraso e os quitados dividida pelo número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). As consultas mostram a procura pelo crediário.

Segundo dados da Serasa (Centralização de Serviços Bancários), de janeiro a agosto o número de cheques sem fundo aumentou 29% em relação ao mesmo período do ano passado.

Para as financeiras, o número de pessoas em débito está tão elevado que as campanhas promocionais para os devedores, tradicionais no fim do ano, devido ao pagamento do 13º salário, foram antecipadas neste ano.

Essas campanhas consistem em descontos para quem acertar o que está devendo. Não há um percentual padrão, mas, dependendo do caso, algumas instituições chegam a abrir mão de encargos, como juros e multa, cobrando somente o principal.

Na Exprinter, a taxa de inadimplentes de agosto de 2001 subiu 20% em relação à do mesmo mês do ano passado. Por isso a empresa está lançando uma campanha de acertos de contas de primavera para seus clientes.

Ela já havia feito uma de inverno, mas que não foi suficiente para diminuir significativamente a quantidade de inadimplentes. "Reduzimos em apenas 0,5% a carteira de devedores", diz o diretor Leonardo Benvenuto.

De acordo com Manuel Vieira, diretor de operações da Losango, apesar de a empresa ter sentido uma leve redução na inadimplência em agosto, a promoção lançada em junho deve continuar até o fim do ano.

"Os pagamentos em atraso ainda estão bastante elevados em relação a 2000 e não sabemos quando essa situação vai se reverter", justifica Benvenuto.

A Fináustria, financeira do banco BBA Creditanstalt, está planejando uma campanha para reduzir o número de devedores. Apesar de a instituição só conceder crédito para os clientes que já têm histórico de bom pagador no banco, a taxa de inadimplentes cresceu em julho e agosto cerca de 5%.

"Não vejo muita melhora para o fim do ano. Ao contrário, acho que a situação vai terminar com redução da oferta de crédito", afirma Alfredo Martins, gerente de marketing da Fináustria.

Quando o índice de inadimplência das financeiras sobe, o sinal fica amarelo até para os consumidores que nada devem.

"Em um primeiro momento, as financeiras ficam mais criteriosas na concessão de crédito. Se a situação não melhora, cortam a oferta de dinheiro", afirma Miguel Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Uma explicação para o crescimento da inadimplência nas financeiras pode ser a retração da atividade econômica, consequência do racionamento de energia e da desaceleração mundial. Isso provoca uma redução dos salários e o aumento do desemprego.

Segundo uma pesquisa feita em julho pelo Grupo Unidos, maior empresa de recuperação de crédito do país, o desemprego é a terceira maior causa _com 13,6% das respostas_ citada pelas pessoas que estão com pagamentos em atraso.

Em primeiro lugar, aparece o item emprestar o nome para terceiros (21,9%) e, em segundo, atraso de salário (18,2%).

De acordo com Oliveira, da Anefac, o consumidor deve colocar o pé no freio agora. "Evite operações de crédito porque os juros estão muito altos e há grande incerteza em relação à manutenção dos empregos", diz.

Segundo a Fiesp, a diferença entre as contratações e as demissões da indústria foi negativa em 0,8% em agosto, em São Paulo.
 

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