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18/09/2001 - 08h22

Copom não deve alterar juros, diz presidente do BC

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LEONARDO SOUZA e SÍLVIA MUGNATTO
da Folha Online, em Brasília

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, deu a entender ontem que os juros básicos da economia não devem ser alterados na reunião do Comitê de Política Monetária deste mês _que começa hoje e termina amanhã.

Em entrevista na sede do BC, para falar sobre as consequências para a economia mundial e brasileiro dos atentados aos EUA, Fraga disse que não iria tratar de juros para não antecipar a reunião.

No entanto, após elogiar a economia americana, que teria "folga" para redução de juros e aumento de gastos públicos _medidas que servem para revigorar a economia_, o presidente do BC disse que a situação brasileira é diferente. "Nós não temos muita folga [como a dos EUA]. Infelizmente estamos saindo de uma fase difícil da nossa história econômica. Foi preciso um ajuste fiscal profundo. Lá atrás foi necessário um esforço imenso para sair do mundo da hiperinflação. Acho que nós não consolidamos ainda essa trajetória", disse Fraga.

"Creio que os benefícios, se consolidarmos essa trajetória, serão extraordinários. É isso que nós temos de perseguir. Mas folga nós não temos. Temos perspectivas muito boas, mas que dependem do nosso esforço."

O presidente do BC admitiu que a inflação deve superar o teto da meta previsto para este ano (6%). Mas disse que, diante dos sucessivos choques enfrentados pelo país (crises da Argentina e de energia, desaceleração econômica mundial e os atentados), ter uma inflação de 6,5% não "seria nenhum desastre".

"Não faz sentido jogar a economia numa recessão profunda para conseguir reduzir a inflação em zero vírgula alguma coisa [ponto percentual]." Ou seja, não faria sentido aumentar os juros agora e contribuir ainda mais para recessão, para obter efeitos pequenos sobre a inflação.

Fraga elogiou a ação conjunta dos bancos centrais dos EUA e da Europa, de reduzir os juros, e disse acreditar na recuperação da economia americana. Ele avalia que deve haver queda de confiança dos consumidores daquele país, mas que um aumento dos gastos públicos, como o governo dos EUA já anunciou, pode compensar a diminuição do consumo.

Fraga acredita que o Brasil também conseguirá vencer as adversidades enfrentadas neste ano e que, já em 2002, poderá retomar o desempenho alcançado em 2000, quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 4,5%. Para este ano, reconheceu que o crescimento econômico será menor do que o esperado _não trabalha com nenhuma projeção específica, mas a expectativa do BC agora é um aumento do PIB em 2001 menor do que 2,8% (última estimativa).

Fraga avalia que a taxa de câmbio está sobrevalorizada e que a tendência é o real se recuperar em relação ao dólar. Segundo ele, a depreciação do câmbio será o fator preponderante para o saldo da balança comercial.

De acordo com o presidente do BC, como a economia brasileira também está recuando, o efeito do desaquecimento global _que significa menos importação do Brasil_ sobre as transações comerciais é, de certa forma, compensado.

O governo brasileiro ainda está avaliando se será necessário ou não sacar a primeira parcela do novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A parcela está disponível desde sexta-feira quando a direção do Fundo aprovou o programa para 2002.

"Nós temos a opção de sacar. Temos de avaliar se vale a pena ou não", disse o presidente do Banco Central. O Brasil pode desembolsar agora US$ 4,7 bilhões dos US$ 15,5 bilhões colocados à disposição do país até o final de 2002 _US$ 14,3 bilhões em recursos novos.

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