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21/09/2001
-
07h30
LEONARDO SOUZA e NEY HAYASHI DA CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O dólar deve continuar a subir até o final do ano e não há muito o que o Banco Central possa fazer, avaliam economistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.
Já o presidente do BC, Armínio Fraga, torce para a turbulência no mercado internacional passar, o que, em sua opinião, permitiria que a taxa de câmbio recuasse no médio e longo prazo.
"Nós esperamos que parte da depreciação do real se reverta quando essa turbulência passar", afirmou Fraga na manhã de ontem, durante uma audiência realizada no Congresso.
Para o economista Sérgio Werlang, que foi colega de Fraga no Banco Central (ex-diretor de Política Econômica da instituição), se a causa da alta do câmbio for falta de liquidez (pouca oferta da moeda norte-americana), o BC deveria "injetar" mais dólares no mercado.
No entanto, ressalta Werlang, se o mercado estiver tentando encontrar novo patamar para a taxa de câmbio, "não há o que o BC possa fazer".
"A economia mundial crescerá menos do que o esperado neste ano. Devido às turbulências no mercado internacional, nossos títulos [que representam dívida, tanto públicos quanto privados] serão menos procurados. Também receberemos menos investimentos diretos. Tudo isso significa menos dólares na economia, o que pressiona a taxa de câmbio", disse Werlang.
Fraga listou cinco choques enfrentados pela economia brasileira para justificar a alta do dólar e da inflação: a crise na Argentina, a proximidade da eleição presidencial, o desaquecimento da economia mundial, a crise de energia e os ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono nos Estados Unidos na terça-feira da semana passada.
Depois das declarações de Fraga, o dólar continuou a subir e fechou na cotação recorde de R$ 2,76.
No Banco Central, ninguém quis comentar a disparada da moeda.
No final da tarde, o diretor de Política Econômica, Ilan Goldfajn, concedeu entrevista para explicar mudanças no cálculo do déficit público que serão promovidas pelo BC.
Ao final da entrevista, Goldfajn se recusou a falar sobre a alta do dólar. Os assessores de imprensa do Banco Central tentavam instruir os jornalistas presentes a não fazer perguntas relacionadas ao comportamento do mercado de câmbio.
Para o economista Roberto Padovani, da consultoria Tendências, o governo passa por período de desconfiança em relação à política monetária.
"O BC não está errado em não elevar os juros, pois isso agravaria o desaquecimento econômico. Mas manter a taxa de juros inalterada abre espaço para o dólar subir", diz Padovani.
Antes dos atentados aos Estados Unidos, Padovani projetava o dólar a R$ 2,60 no final do ano.
"Muita gente no mercado trabalha com o dólar a R$ 2,90 em dezembro. É possível que chegue a esse nível", disse o economista, que ainda não concluiu sua nova previsão para o câmbio.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
Para analistas, dólar irá subir mais
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O dólar deve continuar a subir até o final do ano e não há muito o que o Banco Central possa fazer, avaliam economistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.
Já o presidente do BC, Armínio Fraga, torce para a turbulência no mercado internacional passar, o que, em sua opinião, permitiria que a taxa de câmbio recuasse no médio e longo prazo.
"Nós esperamos que parte da depreciação do real se reverta quando essa turbulência passar", afirmou Fraga na manhã de ontem, durante uma audiência realizada no Congresso.
Para o economista Sérgio Werlang, que foi colega de Fraga no Banco Central (ex-diretor de Política Econômica da instituição), se a causa da alta do câmbio for falta de liquidez (pouca oferta da moeda norte-americana), o BC deveria "injetar" mais dólares no mercado.
No entanto, ressalta Werlang, se o mercado estiver tentando encontrar novo patamar para a taxa de câmbio, "não há o que o BC possa fazer".
"A economia mundial crescerá menos do que o esperado neste ano. Devido às turbulências no mercado internacional, nossos títulos [que representam dívida, tanto públicos quanto privados] serão menos procurados. Também receberemos menos investimentos diretos. Tudo isso significa menos dólares na economia, o que pressiona a taxa de câmbio", disse Werlang.
Fraga listou cinco choques enfrentados pela economia brasileira para justificar a alta do dólar e da inflação: a crise na Argentina, a proximidade da eleição presidencial, o desaquecimento da economia mundial, a crise de energia e os ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono nos Estados Unidos na terça-feira da semana passada.
Depois das declarações de Fraga, o dólar continuou a subir e fechou na cotação recorde de R$ 2,76.
No Banco Central, ninguém quis comentar a disparada da moeda.
No final da tarde, o diretor de Política Econômica, Ilan Goldfajn, concedeu entrevista para explicar mudanças no cálculo do déficit público que serão promovidas pelo BC.
Ao final da entrevista, Goldfajn se recusou a falar sobre a alta do dólar. Os assessores de imprensa do Banco Central tentavam instruir os jornalistas presentes a não fazer perguntas relacionadas ao comportamento do mercado de câmbio.
Para o economista Roberto Padovani, da consultoria Tendências, o governo passa por período de desconfiança em relação à política monetária.
"O BC não está errado em não elevar os juros, pois isso agravaria o desaquecimento econômico. Mas manter a taxa de juros inalterada abre espaço para o dólar subir", diz Padovani.
Antes dos atentados aos Estados Unidos, Padovani projetava o dólar a R$ 2,60 no final do ano.
"Muita gente no mercado trabalha com o dólar a R$ 2,90 em dezembro. É possível que chegue a esse nível", disse o economista, que ainda não concluiu sua nova previsão para o câmbio.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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