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21/09/2001
-
22h15
FERNANDO RODRIGUES
enviado da Folha de S.Paulo, a Nova York
Desde quando reabriu para negócios na segunda-feira, dia 17, a Bolsa de Nova York acumulou uma queda de 14,3%. Estima-se que as ações tenham sofrido uma desvalorização de US$ 1,38 trilhão nesses cinco dias. É um valor quase equivalente a três PIBs do Brasil _o Produto Interno Bruto é tudo o que o país produz em um ano.
Desde 21 de julho de 1933, época da Grande Depressão, não havia um período assim tão ruim para o mercado de valores norte-americano. Naquela semana de 33, a queda acumulada da Bolsa em cinco dias foi de 15,6%.
Quase tudo deu errado nesta semana, apesar de forte intervenção dos BCs de países desenvolvidos para conter a sangria nos preços das ações. Até a ajuda financeira de bilhões de dólares ao setor aéreo não impediu a queda das ações de empresas dessa área.
Os outros índices importantes das Bolsas dos EUA também caíram hoje. O índice Nasdaq, que concentra ações de empresas de alta tecnologia, perdeu 47,74 pontos (-3,3%) e fechou em 1.423.19. O Standard & Poor's 500 teve queda de 18,74 pontos (-1,90%), terminando o dia em 965,80.
A Nasdaq teve uma perda acumulada de 16% na semana. O S&P 500 perdeu 12%.
O risco de uma guerra iminente, a economia em péssimo estado e o anúncio de que várias companhias grandes terão lucros menores que o esperado foram as razões da queda de hoje da Bolsa de Nova York. As ações da Microsoft, Intel e Cisco foram as que puxaram para baixo o índice Nasdaq, também num nível recorde dos últimos três anos.
Vencimento triplo
Além disso, hoje o chamado dia de vencimento triplo de opções (o "triple witching"). Acontece em todas as terceiras sextas-feiras de março, junho e setembro, pois acumulam-se os vencimentos de compra de ações, de índices de Bolsa e de contratos do mercado de futuros.
O volume negociado também foi muito grande hoje. Cerca de 2,3 bilhões de ações trocaram de mão. Foi o segundo dia mais movimentado da história do pregão nova-iorquino. Isso significa que houve de fato uma queda de preço consistente, pois muitos negócios foram realizados.
"Enquanto não houver o engajamento militar e as pessoas não puderem prever exatamente o que acontecerá, o mercado continuará volátil e sujeito a esses movimentos", disse à Folha Jeff Hughes, presidente da Merrill Lynch para América Latina e Canadá.
A grande dúvida dos mercados é sobre a extensão da guerra que vem sendo prometida há duas semanas pelo presidente dos EUA, George W. Bush. Quase todos os operadores do mercado repetem, com outras palavras, o que disse o banqueiro da Merrill Lynch.
Ânimo
Enquanto a guerra não começa, o governo dos EUA tem tentado injetar ânimo no mercado de todas as maneiras. É possível que, não fossem as ações do Fed (BC dos EUA), a queda no preço das ações tivesse sido muito maior.
O Fed já promoveu oito cortes nos juros neste ano. A última vez foi na segunda, quando a taxa foi fixada em 3% ao ano _a menor desde fevereiro de 94. A decisão foi tomada um pouco antes da reabertura do mercado.
Além disso, na sexta retrasada o Fed injetou US$ 81,25 bilhões no sistema financeiro. De lá para cá, a cifra total da derrama de dólares já passou de US$ 100 bilhões.
A idéia é irrigar o mercado para que as empresas se sintam incentivadas a investir ou a comprar de volta as suas próprias ações.
Boatos de corte nos juros
Hoje, quando o mercado abriu em queda de livre de mais de 300 pontos, circulou forte boato de que o Fed poderia baixar a taxa de juros do país em mais 0,5 ponto percentual. Essa teria sido uma das razões para a pequena recuperação no final do dia.
"Na realidade, o efeito de um novo corte agora seria bem relativo. Na prática, a taxa efetiva dos chamados "fed funds" [fundos federais] já está abaixo de 3%. Ontem, foi de 2,22%. Tem sido assim durante a semana", afirmou à Folha o diretor-executivo do banco ABN-Amro Arturo Porzecanski.
Os "fed funds" são o dinheiro que o Fed deixa à disposição dos bancos. São recursos que ficam circulando entre as instituições no mercado de "overnight". Como há muita liquidez (dinheiro disponível), a taxa anual efetivamente cobrada já está abaixo dos 3% oficiais do Fed.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
Bolsa de NY perde na semana US$ 1,38 trilhão, três PIBs do "Brasil"
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enviado da Folha de S.Paulo, a Nova York
Desde quando reabriu para negócios na segunda-feira, dia 17, a Bolsa de Nova York acumulou uma queda de 14,3%. Estima-se que as ações tenham sofrido uma desvalorização de US$ 1,38 trilhão nesses cinco dias. É um valor quase equivalente a três PIBs do Brasil _o Produto Interno Bruto é tudo o que o país produz em um ano.
Desde 21 de julho de 1933, época da Grande Depressão, não havia um período assim tão ruim para o mercado de valores norte-americano. Naquela semana de 33, a queda acumulada da Bolsa em cinco dias foi de 15,6%.
Quase tudo deu errado nesta semana, apesar de forte intervenção dos BCs de países desenvolvidos para conter a sangria nos preços das ações. Até a ajuda financeira de bilhões de dólares ao setor aéreo não impediu a queda das ações de empresas dessa área.
Os outros índices importantes das Bolsas dos EUA também caíram hoje. O índice Nasdaq, que concentra ações de empresas de alta tecnologia, perdeu 47,74 pontos (-3,3%) e fechou em 1.423.19. O Standard & Poor's 500 teve queda de 18,74 pontos (-1,90%), terminando o dia em 965,80.
A Nasdaq teve uma perda acumulada de 16% na semana. O S&P 500 perdeu 12%.
O risco de uma guerra iminente, a economia em péssimo estado e o anúncio de que várias companhias grandes terão lucros menores que o esperado foram as razões da queda de hoje da Bolsa de Nova York. As ações da Microsoft, Intel e Cisco foram as que puxaram para baixo o índice Nasdaq, também num nível recorde dos últimos três anos.
Vencimento triplo
Além disso, hoje o chamado dia de vencimento triplo de opções (o "triple witching"). Acontece em todas as terceiras sextas-feiras de março, junho e setembro, pois acumulam-se os vencimentos de compra de ações, de índices de Bolsa e de contratos do mercado de futuros.
O volume negociado também foi muito grande hoje. Cerca de 2,3 bilhões de ações trocaram de mão. Foi o segundo dia mais movimentado da história do pregão nova-iorquino. Isso significa que houve de fato uma queda de preço consistente, pois muitos negócios foram realizados.
"Enquanto não houver o engajamento militar e as pessoas não puderem prever exatamente o que acontecerá, o mercado continuará volátil e sujeito a esses movimentos", disse à Folha Jeff Hughes, presidente da Merrill Lynch para América Latina e Canadá.
A grande dúvida dos mercados é sobre a extensão da guerra que vem sendo prometida há duas semanas pelo presidente dos EUA, George W. Bush. Quase todos os operadores do mercado repetem, com outras palavras, o que disse o banqueiro da Merrill Lynch.
Ânimo
Enquanto a guerra não começa, o governo dos EUA tem tentado injetar ânimo no mercado de todas as maneiras. É possível que, não fossem as ações do Fed (BC dos EUA), a queda no preço das ações tivesse sido muito maior.
O Fed já promoveu oito cortes nos juros neste ano. A última vez foi na segunda, quando a taxa foi fixada em 3% ao ano _a menor desde fevereiro de 94. A decisão foi tomada um pouco antes da reabertura do mercado.
Além disso, na sexta retrasada o Fed injetou US$ 81,25 bilhões no sistema financeiro. De lá para cá, a cifra total da derrama de dólares já passou de US$ 100 bilhões.
A idéia é irrigar o mercado para que as empresas se sintam incentivadas a investir ou a comprar de volta as suas próprias ações.
Boatos de corte nos juros
Hoje, quando o mercado abriu em queda de livre de mais de 300 pontos, circulou forte boato de que o Fed poderia baixar a taxa de juros do país em mais 0,5 ponto percentual. Essa teria sido uma das razões para a pequena recuperação no final do dia.
"Na realidade, o efeito de um novo corte agora seria bem relativo. Na prática, a taxa efetiva dos chamados "fed funds" [fundos federais] já está abaixo de 3%. Ontem, foi de 2,22%. Tem sido assim durante a semana", afirmou à Folha o diretor-executivo do banco ABN-Amro Arturo Porzecanski.
Os "fed funds" são o dinheiro que o Fed deixa à disposição dos bancos. São recursos que ficam circulando entre as instituições no mercado de "overnight". Como há muita liquidez (dinheiro disponível), a taxa anual efetivamente cobrada já está abaixo dos 3% oficiais do Fed.
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