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22/09/2001
-
08h35
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Um remédio amargo mas necessário para aliviar a febre do câmbio. Essa foi a avaliação de especialistas ouvidos pela Folha sobre o aumento do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo de zero para 10%.
A medida é uma forma de retirar o dinheiro do mercado que poderia ser usado pelos bancos na compra de dólares -o que pressiona a cotação.
A elevação do compulsório sobre depósitos a prazo poderá agravar o quadro de desaquecimento da economia brasileira. A medida deverá elevar os custos dos empréstimos bancários para as empresas. Com isso, o crescimento poderá ser menor.
Antes dos atentados terroristas nos Estados Unidos, a estimativa da área econômica era que o crescimento econômico ficasse acima de 2% neste ano. Nova previsão será divulgada na próxima semana no relatório de inflação para o último trimestre deste ano.
Segundo Marcelo Allain, economista-chefe do banco Inter American Express, a redução do compulsório terá o mesmo efeito que uma elevação dos juros.
O compulsório sobre os depósitos a prazo estava em zero desde outubro de 1999. Na ocasião, o BC reduziu o compulsório, que estava em 20%, numa tentativa de aumentar o volume de dinheiro em circulação e, consequentemente, levar a uma queda nos juros cobrados pelos bancos.
Com o aumento do compulsório, os bancos terão menos recursos disponíveis para fazer suas operações, inclusive no que se refere à concessão de empréstimos. Com menos dinheiro em circulação, os juros cobrados pelas instituições devem aumentar.
"A medida foi uma resposta do BC à disparada do dólar", diz Fernando Ferreira, da Global Invest.
Allain, no entanto, disse que o aumento do compulsório deve ter pouco efeito sobre o mercado de câmbio. "A medida não resolve o problema, que é a incerteza sobre o financiamento externo do país. Quanto a isso, o BC não tem muito o que fazer", afirmou.
O problema é que o aumento do recolhimento obrigatório é uma medida recessiva. Ao obrigar os bancos a depositar parte do que recolhem em depósitos a prazo, o BC tira dinheiro do mercado. Nesse caso, vale a lei de oferta e procura: quanto menos dinheiro no mercado, mais caro ele fica. Por isso, a tendência é que os bancos cobrem mais pelo dinheiro que emprestam aos clientes.
Para o economista Raul Velloso, a medida vai provocar um desaquecimento da economia sem engordar a dívida pública. Velloso explica que, nos últimos meses, o governo tem colocado um freio da atividade por meio de outro instrumento: a elevação da taxa básica, a Selic. O problema é que, ao subir o juro básico, elevava a dívida. Isso porque os títulos emitidos pelo governo variam de acordo com a Selic. Ao aumento do recolhimento compulsório, apenas o juro na ponta final sobe.
Compulsório maior deve trazer recessão
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Um remédio amargo mas necessário para aliviar a febre do câmbio. Essa foi a avaliação de especialistas ouvidos pela Folha sobre o aumento do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo de zero para 10%.
A medida é uma forma de retirar o dinheiro do mercado que poderia ser usado pelos bancos na compra de dólares -o que pressiona a cotação.
A elevação do compulsório sobre depósitos a prazo poderá agravar o quadro de desaquecimento da economia brasileira. A medida deverá elevar os custos dos empréstimos bancários para as empresas. Com isso, o crescimento poderá ser menor.
Antes dos atentados terroristas nos Estados Unidos, a estimativa da área econômica era que o crescimento econômico ficasse acima de 2% neste ano. Nova previsão será divulgada na próxima semana no relatório de inflação para o último trimestre deste ano.
Segundo Marcelo Allain, economista-chefe do banco Inter American Express, a redução do compulsório terá o mesmo efeito que uma elevação dos juros.
O compulsório sobre os depósitos a prazo estava em zero desde outubro de 1999. Na ocasião, o BC reduziu o compulsório, que estava em 20%, numa tentativa de aumentar o volume de dinheiro em circulação e, consequentemente, levar a uma queda nos juros cobrados pelos bancos.
Com o aumento do compulsório, os bancos terão menos recursos disponíveis para fazer suas operações, inclusive no que se refere à concessão de empréstimos. Com menos dinheiro em circulação, os juros cobrados pelas instituições devem aumentar.
"A medida foi uma resposta do BC à disparada do dólar", diz Fernando Ferreira, da Global Invest.
Allain, no entanto, disse que o aumento do compulsório deve ter pouco efeito sobre o mercado de câmbio. "A medida não resolve o problema, que é a incerteza sobre o financiamento externo do país. Quanto a isso, o BC não tem muito o que fazer", afirmou.
O problema é que o aumento do recolhimento obrigatório é uma medida recessiva. Ao obrigar os bancos a depositar parte do que recolhem em depósitos a prazo, o BC tira dinheiro do mercado. Nesse caso, vale a lei de oferta e procura: quanto menos dinheiro no mercado, mais caro ele fica. Por isso, a tendência é que os bancos cobrem mais pelo dinheiro que emprestam aos clientes.
Para o economista Raul Velloso, a medida vai provocar um desaquecimento da economia sem engordar a dívida pública. Velloso explica que, nos últimos meses, o governo tem colocado um freio da atividade por meio de outro instrumento: a elevação da taxa básica, a Selic. O problema é que, ao subir o juro básico, elevava a dívida. Isso porque os títulos emitidos pelo governo variam de acordo com a Selic. Ao aumento do recolhimento compulsório, apenas o juro na ponta final sobe.
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