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22/09/2001 - 08h50

Franco critica "posição passiva" do BC

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JOSÉLIA AGUIAR
da Folha de S.Paulo

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, o guardião da "âncora cambial" que segurou a cotação do dólar entre 94 e 99, criticou ontem o governo pela "postura passiva" diante da queda brutal do real. Disse que o BC já deveria ter feito há muito tempo uma intervenção pesada para
deter a disparada do dólar.

O economista afirmou que o dólar a R$ 2,80 é "totalmente irreal". "Não há qualquer explicação racional para que o dólar esteja nesse patamar."

Franco disse que, se o governo tivesse "trabalhado direito o câmbio" em novembro passado, a situação hoje seria outra. "Acho que deve intervir e acho que deveria ter feito isso quando o dólar ainda estava abaixo de R$ 2", afirmou, em São Paulo, logo após participar de seminário sobre os sete anos do Plano Real promovido pelo IOB.

A intervenção pode ocorrer, segundo Franco, por meio de dívida pública -ontem o governo fez seis leilões emergenciais de títulos públicos- e por meio de operações na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros, o mercado de derivativos no país). No último caso, o FMI faz restrições à atuação do governo brasileiro nesse mercado.

O ex-presidente do BC afirmou que o fato de a desvalorização ainda ter pouco impacto na inflação não é razão para "deixar o dólar chegar a R$ 3, R$ 3,50". "É errado pensar que só a inflação que conta. Alguns setores terão perdas brutais, empresas vão quebrar se a taxa continuar nesse nível." Entre as áreas que mais devem enfrentar dificuldades com a disparada do dólar, ele citou a petroquímica e a de energia.

Franco comandou o Banco Central até janeiro de 1999, quando foi afastado para que o novo sistema de câmbio flutuante fosse adotado. Durante sua palestra, defendeu-se das críticas feitas à sua "âncora cambial" dizendo que, sem ela, teria sido impossível estabilizar a economia.

Guerra
Durante sua palestra, Gustavo Franco afirmou que é errado pensar que a moeda está subvalorizada por causa do déficit em conta corrente, o que, segundo ele, equivale a importação de poupança. "Ter déficit em conta corrente é normal em países emergentes. O Brasil terá de conviver com ele pelos próximos 50 anos."

Franco afirmou que há muito de "charlatanismo e insensatez" no modo como esse problema é abordado.

O economista previu que haverá efeitos "avassaladores" na economia mundial por causa da incerteza sobre qual será a resposta dos EUA ao atentado -se ocorrerá sob a forma de uma guerra prolongada, como a do Vietnã, ou de uma ofensiva mais imediata.
 

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