Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/09/2001 - 19h44

FHC convoca reunião de emergência com equipe econômica

Publicidade

LEONARDO SOUZA e JULIANNA SOFIA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso convocou a cúpula da equipe econômica para uma reunião de emergência nesta segunda-feira.

Devem ser discutidas novas medidas para tentar conter a disparada do dólar, cujo valor em relação ao real subiu 45,38% desde o início do ano.

Foram chamados por FHC os ministros Pedro Malan (Fazenda), Sérgio Amaral (Desenvolvimento) e Pedro Parente (Casa Civil), além do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. A reunião será no final da tarde, no Palácio do Planalto.

O convite foi feito pelo presidente na última sexta-feira, no mesmo dia em que o BC decidiu elevar de zero para 10% a alíquota do depósito compulsório sobre os depósitos a prazo, depois de o dólar ter fechado em R$ 2,835 _novo recorde no Plano Real.

Uma das medidas que devem ser adotadas é o saque da primeira parcela de US$ 4,6 bilhões do novo empréstimo acertado com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O dinheiro já está à disposição do país há mais de uma semana. O valor do total do empréstimo aprovado, neste mês, com o Fundo foi de US$ 15,6 bilhões.

Com os recursos da primeira parcela, o governo reforçaria o saldo das reservas cambiais. Isso daria maior poder de fogo ao BC para intervir no mercado. Isto é, poderia vender mais dólares ao mercado, o que contribuiria para derrubar a cotação da moeda americana.

No mercado financeiro, há a expectativa de que o governo adote outras medidas para segurar a volatilidade do dólar. Os especialistas avaliam que o aumento do compulsório foi apenas a primeira delas.

Há no mercado quem espere que o BC adote algum tipo de controle do fluxo de capitais. Essa possibilidade foi descartada, porém, pelo presidente do Banco Central.
''Isso é uma bobagem. Quem me conhece sabe que eu não acredito nessas coisas como saída para nada", disse Armínio Fraga ontem, por meio de sua assessoria.

Fraga teme que as especulações sobre eventual adoção de mecanismos de controle do fluxo de capitais piore ainda mais as expectativas sobre a taxa de câmbio. "Tenho consciência do mal que a simples menção do tema pode causar à nossa economia", disse.

Com o aumento do compulsório, o BC vai retirar cerca de R$ 10 bilhões de circulação do mercado (os recursos ficarão retido no BC). A estratégia do Banco Central foi reduzir a disponibilidade dos bancos para comprar dólar e fazer com que os juros no mercado, de forma indireta, subissem.

O dinheiro que ficará parado no BC está quase todo aplicado em títulos, principalmente em CDBs (Certificados de Depósito Bancário). Com menos oferta no mercado para aplicação, os juros desses papéis tendem a subir, para atrair recursos.

Assim, muitos investidores que têm comprado dólar para especular podem partir para títulos, que talvez rendam mais que a valorização da moeda americana.

Para alguns especialistas, no entanto, essa medida isolada não é suficiente para conter a persistente alta dólar. Por isso avaliam que o governo deverá adotar outros mecanismos para reduzir a pressão sobre o câmbio. Ou então usar com mais vigor as armas de que dispõe, como aumentar a taxa básica de juros e as intervenções no câmbio.

Na reunião do Planalto, também serão levadas ao presidente propostas para incentivar as exportações, aproveitando que a alta da moeda americana favorece a venda dos produtos brasileiros no exterior. O aumento do saldo comercial contribuiria para reduzir as pressões sobre o câmbio.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA

Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página