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24/09/2001 - 09h39

Fundos de ações sem referencial perdem menos

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da Folha de S.Paulo

A queda dos preços dos ativos em Bolsa e a ausência de melhores perspectivas para o mercado acionário têm levado a maioria dos fundos de ações a apresentarem rentabilidade negativa nos últimos meses. Após o ataque terrorista nos Estados Unidos, o desempenho dos fundos de ações só piorou.

Mas alguns deles estão sofrendo menos com a queda dos preços dos papéis. São os fundos não atrelados a um "benchmark" (índice de referência), classificados como "Ações Outros" pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).

Pelos dados da Anbid, no dia 12, que reflete o pregão do dia 11 _quando ocorreu o ataque terrorista nos Estados Unidos _, esses fundos caíram 0,24%, contra uma queda de 1,87% dos fundos indexados ao Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).

Nos dias subsequentes ao ataque, esses fundos permaneceram em posição melhor que os demais. "Nesse tipo de fundo, o que conta é a competência do gestor e a experiência no mercado financeiro", diz Júlio Ziegelmann, gestor de renda variável da BankBoston Asset Management.

Em momentos de crise como o atual, os fundos que não têm um "benchmark", como o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) ou o IBX (Índice Brasil, das cem ações mais líquidas da Bolsa), apresentam melhores resultados porque os gestores tendem a buscar estratégias diferenciadas para ter um ganho melhor.

Nesse caso, o gestor fica livre seja para selecionar as ações que considera as melhores na Bolsa, seja para tentar acertar o melhor momento de compra ou venda dos papéis.

Mas atenção ao escolher um fundo desses. Segundo Gilberto Poso, diretor de operações da Lloyds TSB Asset Management, os fundos de ações que não seguem um "benchmark" costumam envolver mais risco que um fundo passivo (que segue um índice) e apresentar maior volatilidade. "Esse tipo de fundo é para investidores mais agressivos, que têm algum conhecimento de Bolsa", diz Poso.

Além disso, certifique-se de que a instituição não está trabalhando com outros mercados além do de ações. Caso contrário, você poderá estar aplicando suas economias num fundo de derivativos, que investe em contratos futuros de juros e câmbio, pensando que é um fundo de ações.

O BankBoston tem um fundo cuja carteira é composta somente por papéis de empresas analisadas detalhadamente pela instituição. "Fazemos uma seleção de ações e escolhemos as que consideramos melhores. Mas não fazemos nenhuma relação com o Ibovespa", diz.

Ziegelmann afirma que, no curto prazo, o fundo pode até perder para o Ibovespa, mas, no longo prazo, o produto tende a apresentar melhor rentabilidade.

"O gestor tende a agregar mais valor ao fundo", diz. Do dia 11 ao dia 19, o fundo caiu 7,43%, contra uma queda de 11,69% do Ibovespa. "Na última semana, não mudamos a carteira do fundo, pois já havíamos adotado uma posição defensiva", diz Ziegelmann. "Se a economia no Brasil estivesse com melhor desempenho, certamente estaríamos mais expostos e a perda seria maior."

A desvantagem de aplicar num fundo desse tipo é que o investidor fica sem parâmetro para acompanhar o desempenho do fundo, já que não há "benchmark". "É por isso que recomendamos a aplicação num fundo desses somente aos investidores que já tenham algum conhecimento de mercado", diz Ziegelmann.

A HSBC Brain aguarda somente a autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para lançar um fundo de ações sem "benchmark". "Será um fundo que irá buscar somente os papéis com potencial de valorização no médio prazo e que estejam com preço baixo em Bolsa", explica Sylvio Fleury, diretor de produtos da HSBC Brain.

Fleury afirma que, como o fundo não terá "benchmark", o investidor terá de acreditar na experiência do gestor. "Nesse caso, a única forma de o aplicador investir sem medo é ele confiar na instituição administradora dos fundos ou no próprio gestor," afirma Fleury.

Caio Lima, gestor de fundos da Hedging-Griffo, diz que o fundo de ações sem "benchmark" administrado pela instituição passou a ser o mais procurado pelos investidores. "O patrimônio desse fundo passou de R$ 5 milhões em maio para R$ 30 milhões no final de agosto", diz Lima.

A estratégia do fundo, segundo ele, é, ao comprar um papel de determinada empresa, vender outro do mesmo setor. "Compramos um papel barato e vendemos um caro de empresas que atuam no mesmo segmento", diz.

A rentabilidade do fundo no ano até o dia 20 estava em 4,90%, enquanto o Ibovespa médio estava com queda de 30,10% nesse mesmo período.

O fundo de ações do banco Safra que busca ter em carteira empresas que pagam bons dividendos ficou negativo em 9,2% na semana do dia 11 até o dia 17. "O fundo não segue referencial e investe somente em empresas que distribuem bons dividendos", afirma Weber Shinohara, gestor de renda variável.

A rentabilidade do fundo no mês superava a do Ibovespa: estava em queda de 10,4% até o último dia 19, contra uma queda de 17,5% do Ibovespa.

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