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25/09/2001
-
08h38
ESTELA CAPARELLI e RICARDO GRINBAUM
da Folha de S.Paulo
O Brasil terá de voltar ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para pegar um novo empréstimo e garantir o suprimento de dólares para a economia em 2002.
Ontem, essa hipótese começou a circular com mais força entre analistas e investidores do mercado financeiro. Muitos acreditam que o Brasil já deveria, por via das dúvidas, começar a negociar com o Fundo.
"O mercado externo [de empréstimos] não está fechado ao Brasil e não estará no ano que vem", diz Eduardo Oliveira, diretor-gerente do Deutsche Bank para a área de mercados globais.
"Mas pode ser que o preço para o Brasil conseguir recursos no mercado externo fique muito alto e um empréstimo com o FMI seja mais conveniente."
Pelas contas do estrategista-chefe do HSBC Investment Banking, Dawber Gontijo, o Brasil precisará de aproximadamente US$ 50 bilhões para cobrir seu déficit de balanço de pagamentos (contas externas) em 2001.
Esse déficit poderia ser financiado por meio de investimentos produtivos de multinacionais e empréstimos levantados por empresas privadas e pelo governo brasileiro no exterior.
Ocorre que o cenário político interno e externo está cercado por dúvidas. Além de ninguém saber a extensão da crise gerada pelos atentados terroristas nos EUA, haverá eleição presidencial no ano que vem.
Nesse cenário, os investidores poderão se retrair. As multinacionais trariam menos dinheiro e os investidores emprestariam menos para o Brasil pelo aumento do risco das aplicações.
Nesse caso, os US$ 15 bilhões levantados há apenas dois meses pelo Brasil no FMI seriam insuficientes para acalmar os investidores. Haveria o risco de uma desvalorização do real ainda maior do que a que o país atravessa neste momento.
"Num primeiro momento, é possível que o Brasil vá ao FMI negociar rebaixamento do piso das reservas internacionais líquidas [permissão para usar mais reservas para abastecer de dólares o mercado]", diz Gontijo.
"No ano que vem, o Brasil pode voltar ao Fundo Monetário Internacional para negociar um novo empréstimo e dar um sinal ao mercado de que terá os dólares de que precisa para cobrir o déficit no balanço de pagamentos". disse o analista.
Para Eduardo Oliveira, do Deutsche Bank, pode ser uma boa alternativa voltar a negociar com o FMI, mas talvez não seja necessário. Oliveira diz que o Brasil deve conseguir os dólares de que precisa, mas o preço dos empréstimos pode subir demais, como ocorre hoje com a Argentina.
"O Brasil deveria começar a conversar agora com o Fundo porque as negociações demoram e é bom ter essa alternativa de financiamento pelo menos pronta para ser usada no ano que vem", diz Oliveira.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
''País deveria voltar ao Fundo'', dizem analistas
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da Folha de S.Paulo
O Brasil terá de voltar ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para pegar um novo empréstimo e garantir o suprimento de dólares para a economia em 2002.
Ontem, essa hipótese começou a circular com mais força entre analistas e investidores do mercado financeiro. Muitos acreditam que o Brasil já deveria, por via das dúvidas, começar a negociar com o Fundo.
"O mercado externo [de empréstimos] não está fechado ao Brasil e não estará no ano que vem", diz Eduardo Oliveira, diretor-gerente do Deutsche Bank para a área de mercados globais.
"Mas pode ser que o preço para o Brasil conseguir recursos no mercado externo fique muito alto e um empréstimo com o FMI seja mais conveniente."
Pelas contas do estrategista-chefe do HSBC Investment Banking, Dawber Gontijo, o Brasil precisará de aproximadamente US$ 50 bilhões para cobrir seu déficit de balanço de pagamentos (contas externas) em 2001.
Esse déficit poderia ser financiado por meio de investimentos produtivos de multinacionais e empréstimos levantados por empresas privadas e pelo governo brasileiro no exterior.
Ocorre que o cenário político interno e externo está cercado por dúvidas. Além de ninguém saber a extensão da crise gerada pelos atentados terroristas nos EUA, haverá eleição presidencial no ano que vem.
Nesse cenário, os investidores poderão se retrair. As multinacionais trariam menos dinheiro e os investidores emprestariam menos para o Brasil pelo aumento do risco das aplicações.
Nesse caso, os US$ 15 bilhões levantados há apenas dois meses pelo Brasil no FMI seriam insuficientes para acalmar os investidores. Haveria o risco de uma desvalorização do real ainda maior do que a que o país atravessa neste momento.
"Num primeiro momento, é possível que o Brasil vá ao FMI negociar rebaixamento do piso das reservas internacionais líquidas [permissão para usar mais reservas para abastecer de dólares o mercado]", diz Gontijo.
"No ano que vem, o Brasil pode voltar ao Fundo Monetário Internacional para negociar um novo empréstimo e dar um sinal ao mercado de que terá os dólares de que precisa para cobrir o déficit no balanço de pagamentos". disse o analista.
Para Eduardo Oliveira, do Deutsche Bank, pode ser uma boa alternativa voltar a negociar com o FMI, mas talvez não seja necessário. Oliveira diz que o Brasil deve conseguir os dólares de que precisa, mas o preço dos empréstimos pode subir demais, como ocorre hoje com a Argentina.
"O Brasil deveria começar a conversar agora com o Fundo porque as negociações demoram e é bom ter essa alternativa de financiamento pelo menos pronta para ser usada no ano que vem", diz Oliveira.
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