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27/09/2001 - 19h36

Economia argentina será pouco prejudicada por atentados

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ROGERIO WASSERMANN
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires

A Argentina deve ser, entre os países emergentes, o que deve ter menos alterações em sua situação econômica por conta da desaceleração mundial após os atentados aos EUA no dia 11. Isso porque antes mesmo do ataque o país já tinha perdido o acesso ao crédito internacional e praticamente não recebia mais investimentos estrangeiros, as principais consequências imediatas do atual cenário.

"O governo tenta mostrar isso como fato positivo, mas o fato é que a situação da Argentina não muda muito porque já estávamos no fundo do poço. Já tínhamos crédito zero e já há algum tempo que ninguém mais queria investir no país", disse hoje à Folha o economista Aldo Abram, da consultoria Exante.

A principal dúvida manifestada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em relação ao país, o cumprimento da meta de déficit zero, terá nos meses de novembro e dezembro seu teste decisivo, na avaliação de Abram. "Se o país chegar a 1º de janeiro com equilíbrio fiscal, é possível imaginar que conseguirá continuar cumprindo dali em diante", diz.

Segundo ele, para cumprir com a meta em novembro e dezembro, meses nos quais há uma grande quantidade de pagamentos previstos, devem ser efetuados novos cortes de gastos. "Num cenário de alta incerteza, as pessoas deixam de pagar impostos para ter uma reserva para o futuro. Com isso, a arrecadação cai e torna necessário mais cortes para cumprir com o déficit zero", diz ele.

Abram considera que os eventuais protestos sociais contra um eventual aumento na porcentagem de cortes de salários de funcionários públicos e aposentadorias, hoje de 13%, não devem ameaçar seu cumprimento.

Para o ex-vice-ministro da Economia Orlando Ferreres, a eventual redução no nível de comércio internacional não deve afetar a Argentina, já que as exportações do país equivalem somente a 8% de seu Produto Interno Bruto (PIB). "Além disso, o país exporta basicamente energia e alimentos, produtos que têm sua demanda praticamente garantida mesmo em tempos de guerra", afirma.

Para ele, a Argentina já vinha "praticamente isolada do mundo" nos últimos meses, e a perspectiva de um conflito mundial não deve alterar a situação do país. Ele considera, porém, que se o cenário de incerteza atual for de curta duração o país poderá ser beneficiado no futuro, se conseguir recuperar a credibilidade internacional por meio do equilíbrio fiscal.

"Os investidores mantêm um índice de liquidez muito alto, de 30% a 40%. Daqui a seis meses, quando tiverem que tomar a decisão de investir novamente, a Argentina pode ser uma opção se tiver cumprido com o déficit zero", afirma.

Essa percepção foi reforçada por um comunicado da agência americana Standard & Poors (S&P), no qual diz que a situação argentina pode apresentar "uma surpresa favorável".

Segundo a S&P, "a coesão política em alguns mercados emergentes pode ser fortalecida pela crise, e a Argentina, por exemplo, com níveis de qualificação da dívida B- e C [abaixo do nível de investimento] pode oferecer uma surpresa para uma melhora [da qualificação]".
 

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