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30/09/2001
-
13h04
LEONARDO SOUZA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O recuo no ritmo de crescimento da economia brasileira tem sido pautado pela queda na demanda, não pela diminuição da oferta de produtos decorrente do racionamento de energia, como muitos especialistas imaginaram no auge da crise.
"A confiança do consumidor brasileiro foi muito afetada pelas seguidas crises enfrentadas pelo país neste ano", afirma o economista Luís Afonso Fernandes, do BBV Banco.
A começar pela expectativa de ruptura (do modelo cambial) na Argentina.
"A política monetária [leia-se aumento de juros" teve reflexo restritivo, sim. Mas a queda da demanda se deve muito mais aos efeitos sobre as expectativas [das pessoas" provocados pelos choques externos e pelo medo da crise energética", completa o economista.
Fernandes lembra que o atual nível de juros básicos (19% ao ano), apesar de ter subido cinco vezes neste ano, é mais baixo do que em anos anteriores. Em 1999, por exemplo, após a maxidesvalorização do real, a taxa básica chegou a 45% ao ano.
Juros reais
Segundo o economista, a taxa média de juros real deve ficar menor neste ano do que em 2000. Os juros reais são calculados descontando-se da taxa básica (Selic) a inflação no período.
No ano passado, a média da taxa básica ficou em 17,6%. A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) foi de 6%, o que deu juros reais de 10,94% no ano.
A Selic média em 2001, coincidentemente, também deve ficar em 17,6% -mantida a atual taxa (de 19%) até o final do ano, estimativa quase unânime entre as instituições financeiras.
A média das expectativas de mercado é que a inflação alcance 6,5% neste ano, o que representaria juros reais de 10,42% em 2001.
Mesmo com juros reais maiores, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) -medida de toda a riqueza produzida pelo país- em 2000 foi de 4,46%.
"Isso explica que a queda na demanda se deve muito mais a fatores externos do que à política monetária", ressalta Fernandes.
Para 2001, o Banco Central projeta crescimento do PIB de 2%. O diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, classificou de "moderado" o crescimento de 2%. Goldfajn admitiu que a expansão está "muito abaixo do que gostaríamos".
No início do ano, chegou-se a prever um crescimento de 4,5% em 2001. A alta dos juros de 3,25 pontos percentuais neste ano foi um dos principais motivos para a desaceleração.
A média das estimativas de mercado, divulgada no relatório Focus do Banco Central, aponta aumento do PIB de apenas 1,7% neste ano.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
Consumo retraído trava crescimento em 2002
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O recuo no ritmo de crescimento da economia brasileira tem sido pautado pela queda na demanda, não pela diminuição da oferta de produtos decorrente do racionamento de energia, como muitos especialistas imaginaram no auge da crise.
"A confiança do consumidor brasileiro foi muito afetada pelas seguidas crises enfrentadas pelo país neste ano", afirma o economista Luís Afonso Fernandes, do BBV Banco.
A começar pela expectativa de ruptura (do modelo cambial) na Argentina.
"A política monetária [leia-se aumento de juros" teve reflexo restritivo, sim. Mas a queda da demanda se deve muito mais aos efeitos sobre as expectativas [das pessoas" provocados pelos choques externos e pelo medo da crise energética", completa o economista.
Fernandes lembra que o atual nível de juros básicos (19% ao ano), apesar de ter subido cinco vezes neste ano, é mais baixo do que em anos anteriores. Em 1999, por exemplo, após a maxidesvalorização do real, a taxa básica chegou a 45% ao ano.
Juros reais
Segundo o economista, a taxa média de juros real deve ficar menor neste ano do que em 2000. Os juros reais são calculados descontando-se da taxa básica (Selic) a inflação no período.
No ano passado, a média da taxa básica ficou em 17,6%. A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) foi de 6%, o que deu juros reais de 10,94% no ano.
A Selic média em 2001, coincidentemente, também deve ficar em 17,6% -mantida a atual taxa (de 19%) até o final do ano, estimativa quase unânime entre as instituições financeiras.
A média das expectativas de mercado é que a inflação alcance 6,5% neste ano, o que representaria juros reais de 10,42% em 2001.
Mesmo com juros reais maiores, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) -medida de toda a riqueza produzida pelo país- em 2000 foi de 4,46%.
"Isso explica que a queda na demanda se deve muito mais a fatores externos do que à política monetária", ressalta Fernandes.
Para 2001, o Banco Central projeta crescimento do PIB de 2%. O diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, classificou de "moderado" o crescimento de 2%. Goldfajn admitiu que a expansão está "muito abaixo do que gostaríamos".
No início do ano, chegou-se a prever um crescimento de 4,5% em 2001. A alta dos juros de 3,25 pontos percentuais neste ano foi um dos principais motivos para a desaceleração.
A média das estimativas de mercado, divulgada no relatório Focus do Banco Central, aponta aumento do PIB de apenas 1,7% neste ano.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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