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03/10/2001 - 07h30

EUA admitem recessão, mercado pede ajuda

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da Folha de S.Paulo

No mesmo dia em que o Federal Reserve (banco central dos EUA) derrubou sua taxa de juros para o patamar mais baixo em quase 40 anos, Glenn Hubbard, o principal conselheiro econômico do presidente norte-americano, afirmou que o país provavelmente já enfrenta uma recessão.

Mas a descrença em que a redução dos juros surta algum efeito positivo fez com que tantos os ultraliberais republicanos (correligionários de George W. Bush) como os também ultraliberais investidores de Wall Street pedissem que o governo aja rápido, realizando investimentos públicos e concedendo isenções fiscais.

Alguns economistas, no entanto, temem que a conjunção de um socorro financeiro do governo com juros muito baixos possa desestabilizar a economia no futuro.

Bush afirmou ontem que sua equipe está finalizando um pacote de medidas e incentivos para reativar o ritmo da economia. O pacote deverá ser anunciado até o final da semana.

O valor do socorro ainda não teria sido definido, mas deve chegar a US$ 100 bilhões, incluindo os US$ 40 bilhões já aprovados para a reconstrução da infra-estrutura danificada pelos atentados. Há republicanos sugerindo um estímulo ainda maior, de até US$ 150 bilhões. Cerca de US$ 15 bilhões irão para as companhias aéreas, e as ferroviárias deverão levar outros US$ 5 bilhões.

"Não há dúvidas de que nossa economia foi afetada", disse Bush ontem, durante encontro com líderes republicanos e democratas. "Precisamos de um pacote grande o bastante para movimentar a economia no curto prazo, mas pequeno o bastante para não afetar os juros de longo prazo."

Ontem o principal conselheiro econômico de Bush, Glenn Hubbard, disse que existe uma alta probabilidade de que os EUA tenham dois trimestres consecutivos de queda na produção econômica. "Mas há razões para acreditar numa recuperação em 2002."

O líder dos republicanos na Câmara dos Deputados foi além. "Estamos em recessão e iremos admitir isso", disse Richard Armey. Para ele, o governo precisa tomar medidas o mais rápido possível, como isenções fiscais, para que se estimule a criação de empregos.

Na segunda-feira, o secretário do Tesouro, Paul O'Neill, havia afirmado que provavelmente o PIB (Produto Interno Bruto) caiu no terceiro trimestre. Mas, segundo ele, medidas do governo ainda podem evitar um recuo no último trimestre do ano.

Deverão ser tomadas ainda iniciativas para amparar os milhares de trabalhadores que perderam o emprego depois dos ataques do dia 11 de setembro, como a extensão do seguro-desemprego e criação de cursos de reciclagem. O índice de desemprego será divulgado na sexta-feira, e a expectativa é que ele vá crescer.

Ontem o Federal Reserve cortou pela nona vez no ano a taxa de juros de curto prazo, trazendo-a para o patamar mais baixo desde maio de 1962 (2,5% ao ano). Mas analistas consideram que, sem gastos públicos, os juros baixos terão pouco efeito num ambiente de investimentos em queda.

"Gostaríamos de ver uma política de estímulo fiscal em ação junto com a política monetária", afirmou Dean Priddy, diretor financeiro da RF Micro Devices, que produz equipamentos de telefonia e foi atingida pela crise. "Ambas políticas têm um papel fundamental na economia."

A gravidade da situação fez com que executivos de Wall Street, que tradicionalmente vêm o Estado como figura secundária no processo produtivo, saíssem em defesa de uma ação do governo. "Washington precisa agir rápido", disse Jeffrey Applegate, estrategista da Lehman Brothers.

"Diminuiu a preocupação de que uma alta dose de investimentos do governo pudesse disparar os juros de longo prazo", comentou Chris Rupkey, economista sênior do Banco Mitsubishi.

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