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05/10/2001 - 16h36

Com ataques, fantasma do desemprego se alastra nos EUA

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da Folha Online

A economia dos Estados Unidos sofreu em setembro a mais forte perda de postos de trabalho em uma década, segundo relatório divulgado nesta sexta pelo Departamento de Trabalho norte-americano.

O mercado de trabalho dos EUA, de acordo com o documento, já apontava uma forte piora mesmo antes dos impactos provocados pelos ataques terroristas contra o World Trade Center e o Pentágono no dia 11 de setembro.

Os dados mostram que o número de trabalhadores nas empresas norte-americanas foi reduzido em 199 mil no mês passado, deixando a taxa de desemprego em 4,9%.

No entanto, esses dados não refletem inteiramente os efeitos econômicos resultantes dos ataques.

''Fica muito claro que estamos em recessão'', disse Kurt Karl, economista-chefe da Swiss Re, em Nova York. ''Os números de emprego concluem que uma taxa de desemprego de 6% está no horizonte, embora apenas nos próximos três a quatro meses.''

Setembro foi a quarta queda registrada nos últimos seis meses e a maior desde a perda de 259 mil empregos em fevereiro de 1991 -época mais profunda da última recessão.

Desde março, os empregadores cortaram quase meio milhão de vagas. As demissões se concentraram, principalmente, no já debilitado setor manufatureiro do país, que aponta essa tendência há mais de meio ano.

Economistas acreditam que os ataques do dia 11 colocaram a economia em recessão -se é que ela já não estivesse em uma.

Os ataques abalaram a confiança dos norte-americanos sobre as perspectivas econômicas -um péssimo sinal para o gasto do consumidor, que compreende dois terços do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país.

O setor aeroespacial, onde foram anunciadas milhares de demissões, tem estado entre os setores mais castigados, além de outros relacionados ao turismo, como o de hotéis.

Parte da pesquisa foi conduzida após os ataques terroristas de 11 de setembro, mas o departamento disse que muitas das pessoas que perderam seus empregos imediatamente após os ataques aéreos ao World Trade Center e ao Pentágono ainda seriam consideradas empregadas se trabalhassem ao menos um dia na semana do dia 12 de setembro.

''É possível que os eventos de 11 de setembro tenham tido pouco efeito nos dados de emprego e desemprego referentes a setembro'', disse Katharine Abraham, chefe do escritório de estatísticas trabalhistas do Departamento de Trabalho, em comunicado.

''As perdas de emprego relacionadas direta ou indiretamente aos eventos de 11 de setembro devem começar a aparecer somente nos dados de outubro.''

O relatório referente a outubro é previsto para sair no início de novembro.

Economistas consultados pela Reuters previam uma perda de empregos em setembro de 109 mil, e que a taxa de desemprego subisse para 5%.

As perdas de emprego totalizaram 84 mil em agosto, informou o departamento, uma revisão para baixo de um declínio inicialmente divulgado de 113 mil.

''Isso confirma o que já sabíamos -que a economia estava em má forma antes de 11 de setembro e está significativamente pior após isso'', disse Ward McCarthy, diretor administrador do Stone and McCarthy Research Associates.

O setor manufatureiro demitiu 93 mil trabalhadores, enquanto o setor de serviços cortou 102 mil empregos.

Os empregos no varejo diminuíram em 44 mil postos, e no setor de construção civil a queda foi de 4.000 empregos.

Alguns dos poucos setores que apresentaram ganhos em vagas foram os de finanças, seguradoras e imobiliário, que registraram aumentos de 14 mil postos.

Tentando amenizar o impacto dos ataques sobre a economia, o Federal Reserve (banco central norte-americano) cortou as taxas de juros duas vezes desde 11 de setembro, com duas reduções de 0,5 ponto percentual (de 3,5% para 2,5%).

O presidente, George W. Bush, e o Congresso estão negociando um pacote de estímulo de até US$ 75 bilhões para ajudar a diminuir o impacto dos ataques sobre a economia do país.

''O importante agora é esperar até outubro ou talvez até novembro, para que obtenhamos os reais efeitos dos ataques'', disse Stephen Stanley, economista do Greenwich Capital Markets.

Com informações da Reuters.

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