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15/10/2001 - 09h07

Sob bombardeio, dinheiro foge dos fundos

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SANDRA BALBI
Editora do FolhaInvest

Desde que as duas torres do World Trade Center vieram abaixo, em Nova York, no dia 11 de setembro, o fluxo de recursos destinados aos fundos de investimento brasileiros sofreu uma forte queda.

A captação líquida dos fundos (entradas menos saídas de recursos), acumulada no ano, recuou 57% do dia 12 de setembro até o último dia 8, segundo dados da Anbid (Associação Nacional do Bancos de Investimento).

Só no mês de setembro, a captação ficou negativa em R$ 2 bilhões, sendo que a quase totalidade da fuga de recursos foi registrada após o dia 11. Neste mês, a sangria continua, e a captação está negativa em R$ 2,8 bilhões.

Esse movimento dá uma dimensão da insegurança que o cenário internacional _crise argentina, desaceleração da economia americana e mundial, terrorismo e, agora, a guerra_ está gerando nos investidores.

O que vai acontecer com o dólar _compro ou vendo? A Bolsa está barata, é hora de entrar? Os juros que remuneram aplicações de renda fixa e DI, mas comem pela perna o consumidor que toma crédito, continuarão estáveis?

No quadro atual, dizem os analistas, qualquer assertiva é "chute". Mas todos concordam que, nos próximos dias, o tom do mercado continuará sendo dado pelos acontecimentos além-fronteira que poderão trazer mais nervosismo e dúvidas.

Para melhor administrar seu dinheiro, os analistas recomendam que você acompanhe a política internacional e o desempenho da economia americana. Isso porque o que tem catapultado o dólar e os juros e derrubado a Bolsa, neste ano, é o refluxo de recursos externos para o mercado brasileiro, em consequência da desaceleração da economia americana e mundial e da crise argentina. "O cenário de guerra só introduziu mais incerteza sobre a duração desse refluxo de capitais para os países emergentes", diz Octavio de Barros, economista-chefe do BBV Banco.

E é o desdobramento desse conflito que vai determinar o comportamento do mercado financeiro nas próximas semanas. "O que ainda não está no preço dos ativos é a possibilidade de um contra-ataque do terrorismo, a qualquer momento e em qualquer país. Isso poderá aumentar a incerteza", diz Gustavo Loyola, sócio-diretor da consultoria Tendências.

Jorge Simino, diretor da UAM (Unibanco Asset Management), diz que o risco é o conflito se espraiar na região. Ele recomenda ao investidor ficar atento ao Paquistão. "O país é uma bomba-relógio: tem armas nucleares, é uma ditadura instável e a população está se insurgindo contra o apoio dado pelo governo aos EUA."

Para o diretor de estratégia e pesquisa econômica do Credit Lyonnais Brasil, Carlos Eduardo da Rocha, a preocupação é o Irã e o Iraque entrarem na guerra. "Se o conflito ficar restrito ao Afeganistão, já está nos preços dos ativos financeiros", diz ele.
Nos próximos dias, segundo ele, outro foco de tensão, bem mais próximo dos brasileiros, terá de ser monitorado pelos investidores: a crise argentina e um possível pacote econômico. "A consequência será novas altas do dólar e mais intervenções do BC."

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