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23/10/2001 - 10h07

Negociação para Alca deve ficar mais difícil

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da Folha de S.Paulo

Os analistas estão pessimistas com relação ao futuro das negociações para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Os atentados do dia 11 de setembro mudaram as prioridades nos EUA e o empenho para a formação do novo bloco econômico não está entre as políticas consideradas "urgentes" pelo presidente George W. Bush.

"Eu não colocaria muita esperança, energia e empenho nessa negociação agora", diz Christopher DeMuth, presidente da AEI (American Enterprise Institute), instituto de pesquisas sediado em Washington. Para DeMuth, existe pouca razão para acreditar que o final das negociações ocorrerá até 2005, conforme previsto.

DeMuth afirma que não existe o que ele chama de "clima político" para aprovar algumas medidas que tornariam países como o Brasil mais favoráveis à Alca.

"Os EUA não estão dispostos a mudar sua política antidumping. Deixar de exigir padrões mínimos no mercado de trabalho e de proteção ao meio ambiente também está fora de cogitação", afirma.

Roberto Teixeira da Costa, ex-presidente do Conselho de Empresários da América Latina, concorda. "A prioridade do governo norte-americano passou a ser o combate ao terrorismo", avalia.

Na sua avaliação, o raciocínio de que o presidente George W. Bush agora teria poderes para negociar a Alca, já que conta com apoio sem precedentes do Congresso norte-americano, falha em um ponto: para que o apoio se traduzisse em empenho para negociar o acordo, Bush teria que eleger a Alca como prioridade na estratégia norte-americana de combate ao terrorismo.

"E ele ainda não o fez", completa John Mein, ex-presidente da Amcham (Câmara de Comércio Americana) de São Paulo. Mein, que viajou a Washington nas últimas semanas para consultar analistas e "verificar o clima no Congresso norte-americano", diz que, apesar de poder fazê-lo, o presidente Bush não foi ao Congresso dizer que "quer a Alca".

Os EUA, explica Mein, estão empenhados em construir uma nova doutrina de segurança nacional. "Nós não sabemos qual será a consequência dessa política para as negociações da Alca. Mas elas não são a prioridade", diz.

DeMuth, no entanto, lembra que existem perspectivas promissoras no novo contexto. Mas fora da Alca. "A maior parte da liberalização comercial que ocorreu até hoje fez parte de acordos bilaterais ou mesmo de concessões unilaterais de alguns países."

Ele avalia que, na busca por aliados, os EUA podem conceder vantagens a alguns países. "Portanto, apesar de não ser otimista em relação à Alca, não acho que seja o caso de não esperarmos algum tipo de 'generosidade' por parte dos EUA", afirma.
 

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