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05/11/2001 - 11h26

Atentados podem servir para avanços no livre comércio

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da France Presse

O presidente dos EUA, George W.Bush, não vai hesitar em utilizar os atentados do 11 de setembro para tentar persuadir os norte-americanos e seus parceiros comerciais de que o livre comércio é uma forma de luta contra o terrorismo.

''Os terroristas atacaram o World Trade Center e nós os venceremos ampliando e fortalecendo o comércio mundial'', disse Bush.

''O comércio não é somente uma questão de eficácia econômica, mas engloba também os valores de liberdade'', afirmou Robert Zoellick, chefe da delegação dos EUA que participará da conferência ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Doha (Qatar), na próxima sexta-feira.

Os Estados Unidos e a União Européia querem impulsionar em Doha a nova rodada de negociações comerciais multilaterais que não conseguiu na conferência precedente da OMC, realizada em 1999 em Seattle (Estados Unidos).

Com a desaceleração da economia mundial, agravada pelas conseqüências dos atentados contra os EUA, a nova rodada é apresentada por Washington não somente como um meio para dinamizar as trocas comerciais, mas também como um mecanismo para cerrar fileiras contra o terrorismo mundial.

A administração Bush também quer jogar esta carta dentro de seu próprio país, a fim de conseguir que o Congresso aprove a lei de ''Autoridade de Promoção Comercial'' (TPA, pelas siglas em inglês). Esta lei não permite que o Congresso faça emendas a acordos comerciais, limitando-o simplesmente à aprovação ou não.

''Vocês pensam que o compromisso econômico dos Estados Unidos no panorama mundial deve fazer parte da estratégia (antiterrorista) ou devemos nos limitar apenas aos ataques militares?'', questionou Zoellick pouco depois dos atentados contra Nova York e Washington. Declarações deste tipo nem sempre são bem recebidas e compreendidas nos Estados Unidos. O parlamentar democrata Charles Rangel afirmou que ''não é correto envolver a lei de Autoridade de Promoção Comercial com a bandeira nacional''.

No recente foro da comunidade Ásia-Pacífico (APEC), Bush insistiu e conseguiu que seus parceiros condenassem o terrorismo, mas não até o ponto que apoiassem totalmente as ações militares contra o Afeganistão.

A busca de um acordo para uma rodada multilateral de negociações comerciais traz implícito o risco de um confronto entre as nações industrializadas e as em desenvolvimento, que não querem ouvir falar em cláusulas sobre normas sociais ou proteção do meio ambiente.

Esses temas fazem parte do arsenal de argumentos apresentados por Bush para que o Congresso lhe conceda a TPA, que para a União Européia é uma condição para as negociações multilaterais.

Reunidos no Grupo dos 77, os países em desenvolvimento advertiram que se opõem a ''qualquer vinculação entre comércio e normas sociais'', e à ''utilização de normas de proteção do meio ambiente como nova medida protecionista''.

No Grupo dos 77, com 133 membros, estão o Paquistão, Arábia Saudita e Irã, países que Washington está cortejando para que o apóiem no combate ao terrorismo.

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